Dados do Trabalho


Título

A relação entre disfunção ventricular esquerda e anemia falciforme em adultos: uma revisão sistemática

Resumo

Introdução: A anemia falciforme (AF) é uma hemoglobinopatia hereditária causada pela substituição do aminoácido ácido glutâmico pela valina na cadeia beta da hemoglobina. Com alta morbidade e mortalidade, a AF é caracterizada pela ocorrência de crises vaso-oclusivas devido à falcização das hemácias, o que impede o fluxo sanguíneo e causa hipóxia em vários órgãos, incluindo o coração. A anemia crônica pode levar a uma hipertrofia do ventrículo esquerdo (VE), condição precursora da insuficiência cardíaca, responsável por 10 a 30% das mortes de pacientes com AF.
Objetivo: Caracterizar as alterações no VE decorrentes da AF em pacientes adultos.
Métodos: A busca dos estudos foi realizada sob os descritores: doença falciforme AND hipertrofia ventricular esquerda OR disfunção ventricular esquerda nas plataformas PubMed, LILACS, Embase, Scopus, Web of Science e SciELO. Esta revisão seguiu o PRISMA. Os critérios de inclusão foram artigos disponíveis na íntegra em Inglês, Português ou Espanhol. Excluíram-se relatos de casos e revisões.
Resultados: De 2167 artigos encontrados, 12 foram incluídos. Os estudos demonstraram alterações, sendo as principais: hipertrofia, disfunção diastólica, disfunção sistólica e dilatação do VE, todas detectáveis em exames de imagem como Doppler Tecidual, cujo parâmetro avaliado é a velocidade diastólica do fluxo mitral/velocidade diastólica do anel mitral (E/e’), e ecocardiografia transtorácica de pacientes com AF. Entre os remodelamentos cardíacos mais comuns na AF, a hipertrofia excêntrica (HE) foi a mais encontrada e a mais associada a uma sobrevida baixa. A dilatação do VE foi demonstrada em anêmicos com taxas maiores de hemólise e menores de hemoglobina fetal. Também foi demonstrado aumento da relação E/e', indicando uma anormalidade na pressão de enchimento do VE, fato que corrobora a disfunção diastólica. Além dessas análises, eletrocardiogramas de pacientes com AF indicaram anormalidades no traçado elétrico, como ondas Q septais anormais e prolongamentos nos intervalos de dispersão das ondas P, QRS e intervalo QT corrigido. Tais mudanças estão relacionadas ao grau de hipertrofia e à repolarização anormal do VE, o que pode predispor arritmias.
Conclusão: Portanto, vistas as várias mudanças passíveis de detecção, é crucial que pacientes com AF façam acompanhamento periódico com um cardiologista, realizando exames para se beneficiarem de uma detecção precoce de alteração no VE, evitando casos de prognóstico desfavorável como a HE.

Palavras Chave

Anemia Falciforme; Disfunção Ventricular Esquerda; Cardiomiopatia

Arquivos

Área

INSUFICIÊNCIA CARDÍACA / CARDIOMIOPATIA/ TRANSPLANTE

Categoria

Iniciação Científica

Autores

ANA CLARA NAME RIBEIRO BARBOSA, RODRIGO YNDLY BALDON, MARIA EDUARDA NINOMIA TAIA, LEONARDO DA SILVA ALMEIDA