Dados do Trabalho
Título
Um caso de Estenose de Artéria Renal por Displasia Fibromuscular: Devemos resistir à tentação de revascularizar estes pacientes?
Resumo
INTRODUÇÃO:
A hipertensão renovascular (HRV) é uma das principais causas de hipertensão arterial (HA) secundária, 90% das vezes por aterosclerose. A displasia fibromuscular (DFM) é uma doença vascular sistêmica rara, com incidência predominante em mulheres abaixo dos 50 anos e responsável por 10% dos casos de HRV. O padrão-ouro no tratamento da HRV por DFM é a angioplastia percutânea por balão (APB), com relatos de taxa de cura da HA de 35 a 80%.
RELATO DE CASO:
Mulher de 50 anos, com diagnóstico de HA aos 28 anos, relato de pré-eclâmpsia com dois abortos e mantendo quadro de HA refratária (PA média na MAPA de 24h: PA181x112 mmHg) em uso diário de olmesartana 40mg, clortalidona 25mg, metildopa 1500mg, anlodipino 10mg, espironolactona 50mg, hidralazina 100mg e metoprolol 100mg, foi submetida a rastreio de HA secundária. Observou-se no doppler de artérias renais (AR) estenose de AR direita maior que 60%, confirmada e melhor caracterizada na angiotomografia como múltiplas estenoses sugestivas de DFM. Demais exames complementares: aldosterona 8 ng/dL, atividade de renina plasmática: 0,8 ng/ml/h e creatinina: 0,8 mg/dL. A pesquisa de lesão de órgão-alvo revelou retinopatia grau 3 de Keith Wagener Barker; microalbuminúria (137 mg/g) hipertrofia ventricular esquerda (massa indexada de VE: 159g/m2). Foi submetida à APB com stent da AR direita, com resultado angiográfico satisfatório e sem intercorrências clínicas. PA na alta 160x108 mmHg e creatinina mantida em 0,8 mg/dL. Manteve-se hipertensa apesar das 7 classes medicamentosas prescritas e MAPA de 24h realizado 15 dias após o procedimento revelou PA média: 182x109 mmHg.
CONCLUSÃO:
Relatamos um caso de HA refratária associada à estenose de AR direita por DFM, submetida a APB e implante de stent, sem benefício clínico associado, mantendo-se a refratariedade do quadro hipertensivo ao longo do seguimento ambulatorial. A APB figura na literatura como o padrão-ouro no tratamento da DFM. Estudos observacionais reportam taxas de controle pressórico em torno de 70% e de cura da HA em aproximadamente 50% dos pacientes. Todavia, o caráter observacional desses estudos limita suas conclusões e os maiores estudos clínicos randomizados de revascularização arterial renal excluíram indivíduos com DFM. Este caso se soma ao conjunto de evidências contrárias à revascularização rotineira da AR na DFM. O tratamento precisa ser individualizado com base em novos preditores clínico-laboratoriais de sucesso.
Palavras Chave
Hipertensão Renovascular; Displasia Fibromuscular; Endovascular Procedures
Arquivos
Área
HIPERTENSÃO / DESNERVAÇÃO RENAL
Categoria
Jovem Pesquisador
Autores
SHEILA VARJÃO DAS NEVES, KALIANA MARIA NASCIMENTO DIAS DE ALMEIDA, CAIO CESAR CHAVES COSTA, LUIZ FERANDO CAL SILVA, MILENA PICCOLO SANTANA, VICTOR FERRO BORGES, PEDRO HENRIQUE ROGÉRIO DE LIMA, GUILHERME HENRIQUE BALDO, MARCOS FERRANTI SMANIOTTO, MAGDA FORNACIARI FAVARATO, MARCIO GONCALVES DE SOUSA, ANTONIO GABRIELE LAURINAVICIUS