Dados do Trabalho


Título

Sarcoidose cardíaca em um paciente com uveíte crônica: Relato de Caso

Resumo

INTRODUÇÃO:
A prevalência de sarcoidose cardíaca (SC) com manifestação clínica é cerca de 5% nos pacientes com sarcoidose sistêmica. Segundo estudos americanos, a prevalência real de SC é subestimada. Aproximadamente 20% dos pacientes com sarcoidose desenvolvem uveíte como sintoma inicial. Entretanto, essa associação costuma ser negligenciada na prática clínica.

DESCRIÇÃO DO CASO:
Paciente 52 anos, natural de Juiz de Fora, apresentou diagnóstico de uveíte anterior bilateral crônica em 2008 e hepatite C em 2009. Seguiu com tratamento no serviço de gastroenterologia do hospital universitário. Em 2018, apresentou palpitações associadas à pré-síncope, angina e novo sopro sistólico em foco mitral, sendo encaminhado à Cardiologia. Ecocardiograma transtorácico (ECOTT) sob estresse foi negativo para isquemia miocárdica e identificou regurgitação mitral leve. Holter 24 horas evidenciou episódios de taquicardia ventricular não sustentada e ectopias ventriculares frequentes, polimórficas, isoladas e pareadas. Ressonância magnética cardíaca (RMC) mostrou regiões de afilamento com fibrose transmural inferior médio-basal e aneurisma de ápex, sugerindo cardiopatia isquêmica como hipótese principal e doença de Chagas como diagnóstico diferencial. Cineangiocoronariografia não evidenciou aterosclerose. A sorologia para doença de Chagas foi negativa. Evoluiu com piora clínica da angina e classe funcional, e aparecimento de ulcerações orais e genitais. Encaminhado à Reumatologia para investigação de Doença de Behçet. Novo ECOTT evidenciou sinais de degeneração mixomatosa da valva mitral com prolapso de ambas as cúspides, sendo interrogado Disjunção do anel mitral (DAM). Realizada uma nova RMC, mantendo as alterações do exame anterior, descartando DAM e evidenciando linfadenomegalia mediastinal bilateral importante, sugerindo SC. Realizada uma biópsia de lesão no pavilhão auricular que identificou granulomas epitelióides não caseosos, confirmando o diagnóstico de sarcoidose.

CONCLUSÕES:
A SC é uma doença rara e de diagnóstico complexo, reforçando a necessidade de uma avaliação clínica criteriosa, principalmente, relacionando-a aos achados radiológicos. Concomitantemente, a SC é insidiosa e potencialmente fatal, uma vez que eleva o risco do desenvolvimento de arritmias malignas e de morte súbita. Assim, torna-se imprescindível um diagnóstico precoce para adequada conduta terapêutica.

Palavras Chave

Sarcoidose cardíaca; uveíte crônica; ressonância magnética cardíaca

Arquivos

Área

IMAGEM CARDIOVASCULAR

Categoria

Jovem Pesquisador

Autores

PEDRO LAWALL DE CARVALHO, ARTUR TOSATTI SANTOS RANGEL, LEONARDO RODRIGO CASTILHO, BERNARDO AUGUSTO LIMA, THAIZ RUBERTI SCHMAL