Dados do Trabalho

Título

EFEITOS CARDIOVASCULARES OCASIONADOS PELO USO DE DISPOSITIVOS ELETRÔNICOS PARA FUMAR

Resumo

INTRODUÇÃO: Apesar da oposição da Sociedade Brasileira de Cardiologia, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária e da Organização Mundial da Saúde à liberação do uso de dispositivos eletrônicos para fumar (DEF) devido à sua insegurança cardiovascular, a prevalência do uso de cigarros eletrônicos (CE) em países onde são permitidos atinge 30% entre os adultos jovens. No Brasil, mesmo com a proibição de comercialização, importação e propaganda, aproximadamente 10% dos fumantes utilizam esses dispositivos.

OBJETIVO: Evidenciar a insegurança dos DEF do ponto de vista cardiovascular, considerando o desconhecimento dos efeitos ocasionados a longo prazo e as alterações da fisiologia cardiovascular originadas pelos componentes resultantes da combustão dos DEF.

MÉTODO: Trata-se de um subestudo de revisões sistemáticas de 8 artigos provenientes das bases de dados PubMed, scielo e BVS, publicados nos últimos 4 anos, nas línguas inglesa e portuguesa, utilizando os descritores electronic cigarettes, cardiovascular effects e dispositivos eletrônicos para fumar.

RESULTADOS: A ativação do sistema nervoso simpático pela ligação da nicotina presente nos componentes dos DEF aos receptores colinérgicos nicotínicos aumenta a liberação de neurotransmissores, como a epinefrina e a norepinefrina, ocasionando efeitos na pressão arterial e na frequência cardíaca após o uso. Os extratos de vapor dos CE são capazes de aumentar a ativação plaquetária dos usuários devido a presença de partículas ultrafinas; essa ativação anormal favorece a formação de trombos e, desse modo, está relacionada com a fisiopatologia de inúmeras doenças cardiovasculares (DCV). Esses materiais ultrafinos também são capazes de induzir o estresse oxidativo e interferem no canal de íons de cálcio. Além disso, a disfunção endotelial é capaz de reduzir a disponibilidade de óxido nítrico e aumentar as células progenitoras endoteliais circulantes, as quais são importantes na regeneração do revestimento endotelial dos vasos sanguíneos. Outra preocupação é que as concentrações farmacológicas dos diferentes solventes presentes nos líquidos dos CE são variáveis, dificultando elaboração de estudos que relacionem as concentrações com os efeitos cardiovasculares.

CONCLUSÃO: Apesar da escassez de estudos sobre os malefícios a longo prazo dos DEF, é fato que são prejudiciais, tanto pelo estresse oxidativo quanto pela produção de mediadores inflamatórios, que aumentam o risco de DCV.

Palavras Chave

CIGARRO ELETRÔNICO; CARDIOVASCULAR; NICOTINA