Dados do Trabalho


Título

Valvopatia reumática e os desafios futuros após abordagem cirúrgica precoce na infância: relato de caso

Resumo

Introdução: A cardiopatia reumática persiste como uma grave doença cardiovascular em crianças e adultos jovens, exigindo frequentemente cirurgia valvar devido às suas complicações. Descrição do caso: Homem, 23 anos, com diagnóstico de estenose mitral reumática e histórico de 3 cirurgias de troca valvar mitral prévias, após 7 anos do último procedimento iniciou dispneia aos mínimos esforços e sinais de insuficiência de ventrículo direito (VD). Ao ecocardiograma apresentava fração de ejeção do ventrículo esquerdo (VE)=55%, VD dilatado (58mm basal), com hipocontratilidade significativa (FAC 15%, TAPSE 11mm) e pressão sistólica da artéria pulmonar (PSAP)=81 mmHg. A prótese mitral apresentava estenose importante (gradiente médio=22 mmHg) e insuficiência leve a moderada. Realizado cateterismo cardíaco direito que evidenciou baixo índice cardíaco (1,27 L/min/m²) e hipertensão pulmonar pré e pós-capilar importante (Pressão capilar pulmonar=35mmHg, Pressão da artéria pulmonar média=57mmHg, Resistência vascular pulmonar=17 Wood), com teste de vasorreatividade pulmonar negativo. Diante da gravidade do paciente, risco cirúrgico elevado e contraindicação a possível transplante cardíaco a ideia inicial era de se realizar um procedimento de valve-in-valve para substituição prótese mitral estenosada. No entanto, a tomografia computadorizada cardíaca contraindicou o procedimento por um abaulamento acentuado do VD (com desvio de septo interventricular para o interior VE) e uma curta distância entre o anel mitral e a via de saída do VE, o que gerava um alto risco de obstrução local. A solução adotada foi a realização de uma valvoplastia percutânea por balão para tentativa de melhora da estenose mitral e redução da sobrecarga na circulação pulmonar e no VD. Realizou-se o procedimento com um balão 20x40mm, com redução da PSAP inicial de 110mmHg para 77mmHg após. No entanto, houve piora da insuficiência mitral para grave. Nos dias seguintes o paciente evoluiu com hipervolemia de difícil manejo e sinais de baixo débito. Devido refratariedade clínica, após 5 dias, optou-se pela tentativa de cirurgia convencional de retroca mitral. O procedimento ocorreu com sucesso e após 11 dias o paciente recebeu alta hospitalar, ainda dependente de diuréticos via oral em dose alta, porém sem dispneia ou congestão. Conclusão: A cirurgia valvar em crianças de pouca idade gera grandes desafios devido à necessidade frequente de reabordagens futuras, aumentando o risco de desfechos desfavoráveis.

Palavras Chave

Febre Reumática; Estenose da Valva Mitral

Arquivos

Área

PERICÁRDIO / ENDOCÁRDIO / VALVOPATIAS

Categoria

Jovem Pesquisador

Autores

JOSÉ DIAS DE ASSIS NETO, THIAGO DORNELAS DE OLIVEIRA, LUIZ GUILHERME PASSAGLIA, RICARDO WANG, EFRAIM LUNARDI FLAM