Dados do Trabalho


Título

Endocardite infecciosa relacionada a cateter de longa permanência em paciente com falência de acessos vasculares: relato de caso

Resumo

Introdução:Infecção de corrente sanguínea relacionada a cateter (ICSRC) permanece um grande desafio na prática clínica. Em caso de cateteres de hemodiálise, estima-se colonização assintomática em 10 a 55% dos casos e prevalência de endocardite bacteriana entre 3,5 e 10%. Descrição do caso: Mulher, 36 anos, portadora de doença renal crônica dialítica, tem histórico de múltiplos acessos vasculares prévios, insucesso de fístulas arteriovenosas e contraindicação a diálise peritoneal. Atualmente realiza hemodiálise através de Permcath em veia femoral comum esquerda (implante de extrema dificuldade técnica e presença de fluxo obtida apenas com progressão do cateter até o ventrículo direito). Foi admitida por choque séptico e sinais de osteomielite crônica no pé direito. As hemoculturas periféricas foram negativas, no entanto a cultura de refluído de catéter teve crescimento de Staphylococcus aureus oxacilina-sensível. Realizou-se então um ecocardiograma transesofágico que mostrou uma vegetação de 25mm no átrio direito, além de regurgitação tricúspide maciça e flail do folheto septal. Ao exame físico, não apresentava sinais de congestão sistêmica e teve resolução do choque com o início da antibioticoterapia (oxacilina endovenosa e lock terapia com cefazolina). A paciente evoluiu bem clinicamente, sem necessidade de cirurgia valvar. Discutiu-se o caso com a equipe de cirurgia vascular e como tratava-se de uma paciente sem novo sítio possível para acesso vascular, e sem alternativa de terapia de substituição renal, optou-se pela manutenção do Permcath. No entanto, na 5ª semana do tratamento hospitalar, a paciente teve recorrência de febre e hipotensão. As novas hemoculturas evidenciaram crescimento desta vez de um gram-negativo: Ochrobactrum anthropi. Iniciou-se então novo tratamento com meropenem + polimixina B, em seguida trocado para ciprofloxacino, novamente com boa evolução. Antes da alta hospitalar foi realizado um novo ecocardiograma, sem evidência de complicações perivalvares e com ausência da vegetação prévia. Após discussão com a infectologia optou-se por alta com manutenção de lock terapia pós-hemodiálise com cefazolina e uso de ciprofloxacino via oral como terapias supressivas contínuas. Conclusão: Em ICSRC caso o paciente apresente bacteremia complicada, está indicada a retirada do cateter. Entretanto, as condutas previstas por diretrizes e consensos por vezes são impossibilitadas diante de cenários clínicos extremos. Trouxemos um caso desta natureza.

Palavras Chave

Endocardite; Insuficiência da Valva Tricúspide

Arquivos

Área

PERICÁRDIO / ENDOCÁRDIO / VALVOPATIAS

Categoria

Jovem Pesquisador

Autores

JOSÉ DIAS DE ASSIS NETO, THIAGO DORNELAS DE OLIVEIRA, MARCELO MARTINS PINTO FILHO, CLARA RODRIGUES ALVES OLIVEIRA