Dados do Trabalho

Título

Transplante cardíaco como desfecho final da miocardiopatia periparto: uma série de casos.

Resumo

A miocardiopatia periparto (MCPP) é uma rara causa de insuficiência cardíaca (IC) que acomete mulheres próximo ao fim da gestação e no início do puerpério, na ausência de outras causas de IC. A etiopatogenia é multifatorial, e inclui stress hemodinâmico da gravidez, fatores vásculo-hormonais, inflamatórios, imunológicos e genéticos. Este estudo descreve os fenótipos e os parâmetros cardiovasculares de 3 pacientes com MCPP atendidas em hospital referência em transplante cardíaco em Belo Horizonte/MG entre abril/2022 e maio/2023.

Descrição dos casos:

Caso 1: 47 anos, diagnosticada com MCPP em 2013 no pós-operatório de parto cesáreo de feto único, evoluindo com piora dos sintomas dispneicos ao longo dos anos, em classe funcional NYHA III/IV, mesmo com medicação otimizada. Recebeu transplante cardíaco em 2022, 9 anos depois, por refratariedade ao tratamento.

Caso 2: 32 anos, submetida a parto cesáreo em 28/07/2022 para resolução de segunda gestação única de 37 semanas. Evoluiu com sangramento uterino persistente, refratário a ácido tranexâmico, necessitando estabilização em centro de terapia intensiva. Voltou a intercorrer 12 dias e em seguida 30 dias após o parto com hipotensão, epigastralgia, cianose central e sinais de hipoperfusão, sendo tratada como IC aguda perfil C. Após múltiplas intercorrências na internação como sepse de foco desconhecido e sintomas de baixo débito cardíaco, foi submetida ao transplante em 25/10/2022, cerca de 3 meses após a resolução da gravidez.

Caso 3: 20 anos, diagnóstico de MCPP em novembro de 2021, um mês após o parto de sua primeira gestação (feto único). No mês anterior ao parto internou com sintomas de baixo débito cardíaco, e seis meses depois pelo mesmo motivo. Evoluiu com piora da dispneia basal, associada a ortopneia e dispneia paroxística noturna mesmo com medicação otimizada. Em sua terceira internação, agora 1 ano após o diagnóstico inicial, foi submetida a transplante cardíaco no dia 28/11/2022.

Conclusões: As pacientes apresentaram fenótipos muito diferentes da MCPP (Tabela 1), e apenas um fator de risco descrito pela literatura (idade > 30 anos em dois casos). As pressões vasculares periféricas e centrais foram menores na paciente com maior tempo de evolução da MCPP. Caso 1 apresentou VOP e AIx@75 normais. Caso 2 apresentou VOP e AIx@75 elevados e caso 3 apresentou o AIx@75 normal e a VOP aumentada. Conclui-se que novos estudos são necessários para investigação profunda dos fatores de risco da MCPP.

Palavras Chave

Miocardiopatia Periparto; insuficiência cardíaca; Gravidez

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