Dados do Trabalho


Título

Impacto das alterações fisiológicas da Gravidez em pacientes portadoras de Cardiopatia Cianótica Complexa (CCC) - Desafio na assistência Pré-Natal

Resumo

Há aumento progressivo de portadoras de CCC que alcançam idade reprodutiva. A classificação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é a mais aceita para orientar a gravidez em cardiopatias congênitas e considera as CCC como risco III - significativa morbimortalidade materna e consequente desaconselhamento à gestação (1). Pacientes portadoras do Dispositivo de Fontan são consideradas portadoras de CCC (2). Durante a gestação, a circulação de Fontan pode sofrer influências deletérias devido a variações da pressão venosa central e pressão negativa intratorácica por hiperventilação e oscilações do débito cardíaco inerentes a circulação gravídica, além de atividade pró-trombótica. As complicações mais frequentes são as arritmias atriais e piora de classe funcional. Pacientes com baixa saturação periférica (< 85%), disfunção ventricular, regurgitação atrioventricular moderada a severa e arritmias refratárias devem ser aconselhadas contra a gestação (3).

Paciente de 20 anos com cardiopatia congênita - Atresia tricúspide e Estenose pulmonar associada a Comunicação Interventricular (CIV) ampla, submetida a Cirurgia de Glenn em 2010 e Cirurgia de Fontan fenestrada em 2019. Assintomática desde a infância, evolui com gestação não planejada. Manteve-se assintomática, porém apresentava relato de queda da saturação basal na residência, bem como nas consultas de Pré-Natal (em torno de 88%). Ecocardiograma apresentava disfunção sistólica leve. Apesar de difícil definição prognostica, optado por seguimento da gestação tendo como meta parto entre 28-32 semanas. Realizada reintrodução de sildenafil, início de bisoprolol e manutenção de enoxaparina em dose plena. Evolui com razoável estabilidade clínica até início de trabalho de parto espontâneo com 29 semanas e 1 dia de gestação. Indicada cesariana com nascimento de recém-nato (RN) masculino com 1015g e Apgar 3/7. Paciente recebe alta hospitalar após 7 dias. RN recebe alta hospitalar com 1 mês e 22 dias de vida e peso de 2040g.

O manejo pré-natal de gestantes portadoras de CCC é desafiador pela diversidade do quadro anatômico e funcional que pode gerar manifestações clínicas dissimilares, que prejudicam a elaboração de protocolos para essa condição. As alterações fisiológicas próprias da gravidez podem representar importante sobrecarga ao sistema cardiovascular e, nesse sentido, apesar de ser possível gravidez bem sucedida, a gestação em mulheres com CCC deve ser desaconselhada, em consonância a estratificação de risco da OMS.

Palavras Chave

Cardiopatias Congênitas; gestação

Arquivos

Área

CARDIOLOGIA DA MULHER

Categoria

Jovem Pesquisador

Autores

CARLOS FILIPE PIMENTA, ROBERTA SIUFFO SCHNEIDER DUQUE, PAMELA SANTOS BORGES ARAUJO, FLAVIA CUNHA DOS SANTOS, JULIANA SILVA ESTEVES, DANIELA CAPUTI , SABRINA BARBOSA PACHECO, GUILHERME RIBERO RAMIRES DE JESUS, MARCELA IGNACCHITI LACERDA, MARCIA BUENO CASTIER, ROBERTO ESPORCATTE, NILSON RAMIRES DE JESUS