Dados do Trabalho


Título

INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO INDUZIDO PELO USO DE CRACK: RELATO DE CASO

Resumo

INTRODUÇÃO: O crack, uma forma de cocaína que é fumada, apresenta rápida absorção pulmonar, resultando em níveis plasmáticos elevados em um curto período de tempo, o que pode acarretar em aumento da demanda miocárdica de oxigênio, vasoconstrição coronariana, ativação plaquetária e trombose intracoronária. Todos esses fatores contribuem para o desenvolvimento de eventos cardiovasculares, como o infarto agudo do miocárdio (IAM). Relatamos um caso de IAM com supra de ST (IAMCSST) induzido pelo uso de crack, tratado com sucesso, apesar dos desafios na abordagem clínica e no manejo terapêutico.
RELATO DE CASO: Paciente do sexo masculino, 49 anos, sem comorbidades, morador de rua, regulado de outro serviço em caráter de urgência com quadro de dor retroesternal em aperto há cerca de 7 horas, após uso de crack. O eletrocardiograma de admissão apresentava supradesnivelamento de ST nas derivações V3, V4, V5 e V6. Foi realizada cineangiocoronariografia de urgência, que evidenciou oclusão da artéria descendente anterior (DA) com presença de grande carga trombótica intraluminal. Foi realizada intervenção coronária percutânea primária com implante de 1 stent farmacológico com sucesso. Houve necessidade de administração de tirofibana para resolução dos trombos e otimização do fluxo. No dia seguinte, ecocardiograma demonstrou acinesia apical e do segmento médio da parede anterior e anterosseptal, com fração de ejeção de 40%. O paciente apresentou boa evolução clínica e recebeu alta 48 horas após a admissão.
CONCLUSÃO: O uso de crack está associado a complicações cardiovasculares agudas e crônicas, que podem ocasionar o desenvolvimento de IAMCSST. A indicidência desse evento é variável na literatura e é provável que esteja subestimada, uma vez que o estado psicológico e a euforia que acompanham o consumo da droga reduzem o número de pessoas que procuram ajuda. O mecanismo desse processo é multifatorial, mas existe a indução de um estado pró-trombótico, estimulando a ativação plaquetária. O presente relato destaca a importância do reconhecimento e do manejo de um IAMCSST induzido pelo uso de crack, além do desafio quanto à adesão terapêutica fora da fase hospitalar.

Legenda imagem:
Figura 1 – (A) Oclusão no terço médio da artéria descendente anterior (DA), com presença de grande carga trombótica intraluminal. (B) DA após intervenção coronária percutânea primária.

Palavras Chave

Cocaína crack; Doenças cardiovasculares; Infarto do Miocárdio com Supradesnível do Segmento ST

Arquivos

Área

CARDIOINTENSIVISMO / EMERGÊNCIAS CARDIOVASCULARES

Categoria

Iniciação Científica

Autores

RAMONA DUTRA ULIANA, EDUARDA ENDLICH DE FREITAS, BEATRIZ FAUSTINI BAGLIOLI DE LOYOLA, JULIA GAVA TOLENTINO, RAFAELA SORICE BARACHO FABRIZ, ROBERTO RAMOS BARBOSA, LUCAS CRESPO DE BARROS