Dados do Trabalho
Título
Antracíclicos, entre a cura e a cardiotoxicidade: um relato de caso.
Resumo
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, as doenças oncológicas estão entre as principais causas de morte no mundo. Os avanços terapêuticos nas últimas décadas têm permitido o aumento das taxas de sobrevivência e longevidade destes pacientes. Entretanto, seus possíveis efeitos tóxicos sobre a função cardiovascular são responsáveis por grande morbimortalidade, sendo importantes desafios na prática médica. As antraciclinas são quimioterápicos frequentemente usados na oncologia e oncohematologia, e são reconhecidamente causadores destes fatídicos eventos cardiotóxicos, sendo relacionados ao uso contínuo de doses cumulativas causando danos celulares e intersticiais permanentes, muitas vezes levando à insuficiência cardíaca (IC) propriamente dita.
Feminino, 25 anos, previamente hígida, fora diagnosticada com leucemia promielocítica aguda, sendo avaliada e indicado tratamento com Tretinoína e Daunorrubicina (indução e consolidação, totalizando <300mg/m²). Ecocardiograma Transtorácico (EcoTT) prévio ao tratamento constava fração de ejeção (FE) de ventrículo esquerdo (VE) de 56% e órgão sem alterações estruturais, tendo finalizado o tratamento e recebido alta, na qual estava assintomática. Retornou ao atendimento, após 6 meses, com síndrome dispneica e edemigênica franca, apresentando EcoTT com comprometimento difuso de VE (FEVE 29%) e VD importantes (TAPSE <14mm), ambas às custas de hipocinesia difusa. Fora investigada e iniciado esquema terapêutico para IC de fração de ejeção reduzida, havendo melhora significativa do seu quadro funcional e ecocardiográfico, recebendo alta com compensação clínica.
As antraciclinas, são agentes quimioterápicos amplamente utilizados e sua cardiotoxicidade está relacionada à dose cumulativa, especialmente com doses acima de 400 mg/m² de superfície corpórea. Os efeitos podem ocorrer de maneira aguda ou subaguda, ou de forma crônica. Ambos os casos podem levar a disfunção ventricular sistólica ou diastólica, levando à cardiomiopatia grave e possivelmente à morte. O aumento da sobrevida dos doentes portadores de neoplasias submetidos a tratamentos antineoplásicos e o consequente incremento da incidência de cardiotoxicidade induzida pelas antraciclinas estimulam a necessidade de investigar e comprovar os exatos mecanismos que levam a efeitos adversos verificados a nível cardíaco, para que estes sejam evitados. A investigação adicional permitirá que planos de prevenção, específicos e validados, sejam estabelecidos.
Palavras Chave
Leucemia; quimioterapia; insuficiência cardíaca
Área
CARDIO-ONCOLOGIA
Categoria
Jovem Pesquisador
Autores
JÂNIO FELIPE RIBEIRO DE SOUZA, JOÃO CRISÓSTOMO RAMALHO NETO , VINICIUS JANUÁRIO LIRA PEREIRA, WANESSA GUIMARÃES RODRIGUES, GABRIELY GOMES DE CORDUVA, GABRIELA FERNANDA RIBEIRO DE SOUZA, CLARISSA PEREIRA DE OLIVEIRA, CAIO CONDE MERTEN, JANIO MARQUES VIEIRA DE SOUZA, PAULA FERNANDA RIBEIRO DE SOUZA, IMIRÁ MACHADO MAGALHÃES