Dados do Trabalho

Título

RISCOS CARDIOVASCULARES DA HIPERTENSÃO ARTERIAL NOTURNA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

Resumo

INTRODUÇÃO: A hipertensão arterial noturna é um importante fator de risco cardiovascular, uma vez que guarda íntima relação com danos a órgãos-alvo, especialmente acidente vascular encefálico (AVE), doença arterial coronariana (DAC) e descompensação de insuficiência cardíaca (IC). OBJETIVO: Compilar, de forma sistemática, as evidências existentes na literatura quanto aos impactos cardiovasculares da hipertensão arterial noturna. MÉTODOS: Trata-se de uma revisão sistemática da literatura realizada em consonância com as diretrizes do protocolo PRISMA. Os artigos foram selecionados nas bases de dados MEDLINE/Pubmed, Scopus, LILACS, Scielo e Web of Science em março de 2024, usando os termos “cardiovascular risk” AND “nocturnal hypertension”. Os critérios de inclusão limitaram-se a estudos originais publicados entre 2019 e 2024 nos idiomas de inglês ou espanhol e com texto disponível na íntegra. RESULTADOS: Dentre os 83 artigos inicialmente identificados, 6 foram elegíveis para esta revisão. Os estudos demonstraram que a maior parte dos pacientes avaliados apresentaram anormalidades do ritmo circadiano, afetando a modulação da pressão arterial (PA). Nesses casos, o padrão registrado com mais frequência foi a diminuição da PA noturna em níveis inferiores a 10% da PA em vigília. Além disso, a redução da PA noturna em valores 10 a 20% em relação a vigília não se correlacionou significativamente com eventos cardiovasculares. O aumento da PA durante o sono e reduções fora desse intervalo foram associados a desfechos indesejáveis, como IC, DAC e AVE. Em pacientes com hipertensão noturna, foi evidenciado que a curta duração do sono, especialmente em menos de 6 horas/noite, atua como um risco significativo para doenças cardiovasculares (DCV), sendo o AVE o principal evento associado. Ainda, a hipertensão sistólica noturna isolada apresenta maior risco de evento cardiovascular, em especial em pacientes diagnosticados com doença renal crônica. Já em pacientes com hipertensão noturna mascarada, a incidência cumulativa de DCV é maior. CONCLUSÕES: O comportamento anormal da PA no período noturno foi significativamente associado a um aumento do risco de eventos cardiovasculares. A ausência de mais estudos randomizados que avaliem as características da hipertensão arterial noturna na população brasileira, bem como a prevalência desse acometimento no país, ressalta a necessidade de novas pesquisas e inovações na área.

Palavras Chave

Cardiologia; Hipertensão noturna; Risco Cardiovascular.