Dados do Trabalho

Título

Raro caso de endocardite infecciosa por Herbaspirillum huttiense com embolização para sistema nervoso central

Resumo

Introdução: A endocardite infecciosa (EI) está associada à alta morbi-mortalidade, independentemente dos avanços no diagnóstico e na terapêutica. Herbaspirillum huttiense, um bacilo gram-negativo não fermentador da classe Betaproteobacteria, encontrado no solo, em águas subterrâneas e sistemas de distribuição de água, é uma rara causa de infecção em humanos.
Relato do Caso: Homem de 56 anos, antecedente de miocardiopatia hipertrófica não obstrutiva e pneumonia intersticial não específica e O2 dependente, procurou atendimento médico com queixa de febre noturna (até 39ºC), calafrios e astenia há 3 meses. Aproximadamente 2 meses após o início dos sintomas apresentou acidente vascular encefálico (AVE) isquêmico. Hemoculturas, coletadas nessa época, revelaram H. huttiense, sendo indicado tratamento com Sulfametoxazol/trimetoprim. Cinco dias após o início do antibiótico, o paciente procurou nossa instituição com queixa de febre persistente, calafrios e edema de membros inferiores, e ao exame físico com sinais de insuficiência aórtica (IAo) e mitra (IM). Ecocardiograma transesofágico evidenciou imagens filamentares móveis em ambas as valvas mitral e aórtica, sugestivas de vegetações, além de IM moderada e IAo de moderada a importante. Após a confirmação de EI, foi optado por manter tratamento com sulfametoxazol-trimetoprim por 10 semanas, o tratamento cirúrgico das valvopatias por próteses biológicas e, por oportunidade, miectomia septal. Anatomopatológico confirmou o diagnóstico de EI, sendo terminado tratamento com meropenem devido a efeitos colaterais associados ao sulfametoxazol-trimetoprim.
Discussão: Foi descrito um raro caso de EI por H. huttiense complicado por AVE. Esta bactéria raramente está associada a infecções em humanos e, até o momento, descrito na literatura somente um caso de EI causada por este patógeno em uma criança com doença oncológica, sendo que o paciente em questão com imunossupressão por uso de azatioprina. Não há consenso sobre a terapia antibiótica para esta infecção. Todavia, a terapia empírica desempenha um papel importante no tratamento clínico das infecções por H. huttiense. Estudos mostram que meropenem e piperacilina/tazobactam são os medicamentos mais utilizados. Nosso paciente demonstrou boa resposta clínica com sulfametoxazol-trimetoprim e, posteriormente, meropenem.
Conclusão: Foi demonstrando a importância da suspeição clínica e tratamento adequado da EI, sendo o primeiro caso de EI por Herbaspirillum huttiense em adultos.

Palavras Chave

Endocardite infecciosa; Herbaspirillum huttiense; Embolização

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