Dados do Trabalho


Título

Pseudoaneurisma da fibrosa mitro-aórtica após operação de Bentall e De Bono: relato de caso de tratamento conservador e a importância da imagem multimodal no diagnóstico.

Resumo

A fibrosa mitro-aórtica (FIMA) é uma estrutura fibrosa delgada que conecta a porção posterior da raiz aórtica à base do folheto anterior da valva mitral. Trata-se de uma região de menor vascularização e, portanto, susceptível a uma condição incomum e com poucos casos descritos na literatura, porém grave: o pseudoaneurisma da FIMA. Endocardite infecciosa (EI) e cirurgia valvar aórtica são os fatores de risco mais frequentemente associados, podendo ser assintomático ou apresentar dor torácica, dispnéia, palpitações e disfunção mitral como manifestações clínicas. Podem evoluir com complicações graves, como a formação de trajeto fistuloso, compressão sistólica das artérias coronárias e rotura para o pericárdio, aorta ou átrio esquerdo. Relatamos um caso de paciente idoso, em pós operatório recente de Bentall e De Bono modificado complicado com EI do tubo aórtico valvulado (TAV) com prótese mecânica aórtica (PM), que apresentou febre e dor torácica, juntamente com sopro sistólico e marcadores inflamatórios elevados. Ecocardiografia (ECO) transtorácica inicial evidenciou TAV normoposicionado e PM aórtica com presença de vegetação. Tomografia de tórax revelou formação sacular com margens irregulares adjacente à raiz da aorta torácica (imagem A), ressaltando a importância da imagem multimodal na visualização detalhada da anatomia paravalvar e suas complicações. O paciente evoluiu com gravidade, necessitando de suporte em terapia intensiva e foi submetido a ECO transesofágica, que identificou imagem de pseudoaneurisma da FIMA fistulizado para a via de saída do ventrículo esquerdo e abscesso paraprotético (imagens B e C). Embora a remoção e a substituição do material protético fossem tradicionalmente consideradas obrigatórias, o paciente foi recusado para cirurgia devido ao risco proibitivo de reoperação e uma estratégia conservadora foi adotada após discussão em Heart Team. Após 4 semanas de antibioterapia, alcançou-se aparente remissão clínica e laboratorial. Controle evolutivo ecocardiográfico evidenciou melhora do aspecto do abscesso e das vegetações, no entanto, com expansão do pseudoaneurisma. Após 3 meses de seguimento, permaneceu assintomático, sem sinais clínicos ou laboratoriais de recidiva. Este caso ilustra desafios atuais no diagnóstico por imagem multimodal e tratamento de raras complicações infecciosas protéticas em paciente idosos de alto risco cirúrgico, onde o tratamento conservador pode ser positivo e única opção aceitável.

Palavras Chave

PSEUDOANEURISMA - VALVOPATIA

Arquivos

Área

PERICÁRDIO / ENDOCÁRDIO / VALVOPATIAS

Categoria

Jovem Pesquisador

Autores

GISELE MARIA FERREIRA, CAIO TAVARES SILVA, RODRIGO TAVARES SILVA, MARCELO FOLLIS BALIEIRO TASSO, RUI PEREIRA CAPARELLI OLIVEIRA, GABRIEL SILVA DE CARVALHO CANDIDO, RICARDO PEREIRA CAPARELLI OLIVEIRA, LIVIA BEATRIZ DOS SANTOS LIMONTA VITALI, SERGIO SIMOES FILHO, JOAO HERCOS NETO, TAMIRES GARCIA OLIVEIRA