Dados do Trabalho
Título
Disfunção endotelial prediz diabetes em adultos brasileiros: Dados do Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto (ELSA-Brasil)
Resumo
Introdução A presença de diabetes mellitus (DM) está associada ao desenvolvimento de disfunção endotelial (DE), sendo essa disfunção relacionada ao maior risco de eventos cardiovasculares. Recentemente, estudos clínicos evidenciaram a associação na direção inversa: a DE como preditora de diabetes . Nosso objetivo foi avaliar a associação da função endotelial com diabetes incidente em adultos brasileiros.
Métodos Em 1315 participantes do Centro de Investigação do ELSA-Brasil em MG, livres de diabetes e que tiveram função endotelial válida na linha de base, avaliamos a associação entre a função endotelial e DM incidente após 8 anos de seguimento. A função endotelial foi avaliada pela tonometria arterial periférica (PAT). As variáveis amplitude média do pulso basal (AMB), que reflete o tônus vascular basal, e o PAT ratio, que reflete a capacidade vasodilatadora após período de isquemia (hiperemia reativa), foram analisada em quartis (considerando os quartis menos alterados como referência) ou como variáveis contínuas. O diabetes foi definido conforme os critérios da American Diabetes Association. O modelo de Cox foi utilizado para análises estatísticas. Os modelos multivariados foram hierarquicamente ajustados para sexo, idade, escolaridade, tabagismo, uso de álcool, grau de atividade física e IMC - dados coletados conforme protocolo do ELSA-Brasil.
Resultados A idade média foi de 51±8 anos, com 44,5% de mulheres. O IMC médio foi de 26,4±4,4 kg/m2 e 160 (12,2%) participantes apresentaram diabetes incidente em seguimento médio de 8 anos (±2). O modelo multivariado de Cox demonstrou que o risco da ocorrência de diabetes aumenta significativamente conforme a piora da função endotelial quando comparado ao quartil menos alterado (Q2 -HR 2.78 (1.51 – 5.13); Q3 HR 2.88 (1.56 – 5.30); Q4 2.90 (1.55 – 5.45), para a AMB; e Q3 HR2.22 (1.30 – 3.80); Q2 1.97 (1.15 – 3.38); Q1 1.84 (1.06 – 3.18), para o PAT ratio, todos os p<0,05). Achados semelhantes foram observados na associação entre DE e diabetes quando as variáveis de DE foram utilizadas de forma contínua.
Conclusões A pior função endotelial foi preditora independente de diabetes em adultos brasileiros, corroborando dados da população europeia. Esses achados podem ter implicações no entendimento das doenças cardiometabólicas no contexto da fisiopatologia, do prognóstico e da terapêutica.
Palavras Chave
função endotelial; Diabetes mellitus; Fatores de Risco Cardiovascular
Área
ATEROSCLEROSE / FATORES DE RISCO CARDIOVASCULARES / PREVENÇÃO CARDIOVASCULAR
Categoria
Pesquisador
Autores
KARINA PAULA MEDEIROS PRADO MARTINS, SARA TELES DE MENEZES, LIDYANE DO VALLE CAMELO, SANDHI BARRETO, ANTONIO LUIZ PINHO RIBEIRO, LUISA CAMPOS CALDEIRA BRANT