Dados do Trabalho


Título

Impacto da altitude nos fenótipos da pressão arterial no Brasil: estudo multicêntrico de Monitorização Residencial da Pressão Arterial

Resumo

Objetivo: Indivíduos agudamente expostos a grandes altitudes (>2500m) apresentam elevações da pressão arterial (PA). Contudo, não se sabe se indivíduos moradores em áreas com diferentes níveis de altitude abaixo de 2500m apresentam variações nos fenótipos de PA. O presente estudo avaliou a relação entre altitude e normotensão (NT), HA do avental branco (HAB), HA mascarada (HM) e HA sustentada (HS) em uma grande amostra brasileira que realizou medida de PA no consultório (PAC) e monitoração residencial da PA (MRPA) em cidades com altitude <2500m.
Métodos: Este estudo transversal avaliou 90.745 indivíduos [39% homens, idade=57±16 anos, IMC=29±5 kg/m2, PAC=131±20/84±12 mmHg, MRPA=125±16/79±10 mmHg, 46% usando medicamentos anti-hipertensivos (AH)] residentes em 23 cidades das 5 regiões brasileiras, cujas altitudes variaram de 2 a 1628m e que realizaram medidas de PAC e MRPA entre 2018 e 2023. Dados diários de temperatura ambiental, velocidade do vento (VV), pressão atmosférica (PAtmo) e umidade foram também coletados. Os fenótipos de PA foram definidos como: NT (PAC<140/90mmHg e MRPA<135/85mmHg), HAB (PAC≥140/90mmHg e MRPA<135/85mmHg), HM (PAC<140/90mmHg e MRPA≥135/85mmHg) e HS (PAC≥140/90mmHg e MRPA≥135/85mmHg). Todas as análises de regressão foram ajustadas por idade, sexo, IMC, tempo do calendário, estação do ano, região, uso de AH, temperatura, VV, PAtmo e umidade.
Resultados: As análises de regressão linear mostraram que cada aumento de 100m na altitude não se associou com PAC sistólica (beta=-0,04±0,12; p=0,74) e MRPA sistólica (beta=0,18±0,09; p=0,058), mas se associou inversamente com PAC diastólica (beta=-0,23±0,07; p=0,002) e diretamente com MRPA diastólica (beta=0,29±0,06; p<0,001). As diferenças entre a PAC e a MRPA sistólica (dif-PAS) e diastólica (dif-PAD) foram inversamente relacionadas à altitude (Figs. A e B). Cada aumento de 100m na altitude se associou a um risco 9,2% [95%IC=4,8–13,7%; p<0,001] maior de HM e 7,4% [95%IC=4,0–10,7%; p<0,001] menor de NT, enquanto cidades com maiores altitudes e menores altitudes tenderam a ter maior prevalência de HM e HAB, respectivamente (Figs. C e D). Por outro lado, a altitude não se associou com HS e NT.
Conclusões: Maiores altitudes se associam com maior risco de HM e menor risco de HAB no Brasil.

Palavras Chave

Hipertensão; Altitude; MRPA

Arquivos

Área

HIPERTENSÃO / DESNERVAÇÃO RENAL

Categoria

Pesquisador

Autores

FÁBIO ARGENTA, WILSON FÁBIO NADRUZ, EDUARDO C.D. BARBOSA, MONIZZE V.R. SENTALIN, ANDREI C. SPOSITO, MARCO A. MOTA-GOMES, AUDES D. M. FEITOSA, WEIMAR S. BARROSO, ANDREA A. BRANDÃO, ROBERTO D. MIRANDA