Dados do Trabalho

Título

Marcadores de lesão miocárdica no implante de eletrodo septal profundo para estimulação cardiaca fisiológica

Resumo

Fundamento:Estimulação cardíaca artificial (ECA) fisiológica visa, a partir da captura do sistema de condução nativo do paciente melhores resultados na contração cardíaca, diminuindo prejuízos causados pela ECA (convencional): apical ou muscular septal do ventrículo direito (sem penetração muscular significativa). A técnica fisiológica consiste em estimular o ramo esquerdo por via transeptal direita. Troponina é a proteína utilizada como marcador de dano miocárdico (DM) Ryan Wereski (Circulation. 2021;144:528-538). Esse trabalho a utiliza como marcador de DM entre diferentes estratégias de implante de eletrodo ventricular.
Objetivo:Avaliar a diferença de DM comparando ECA por captura do ramo esquerdo (fisiológica) vs.ECA convencional.
Métodos:Comparamos a Troponina I pós implante do eletrodo ventricular entre as estratégias, em 46 pacientes consecutivos de um centro de referência de Porto Alegre.
Resultados:Com 27 pacientes no grupo fisiológico (média de Troponina =474,39 ng/L (quartis [25%-75%]; [147,0,5-664,2) vs. 19 pacientes do grupo convencional (média =147,6ng/L ([25%-75%];[52,75-173,5]); Comparação das médias de troponinas mostrou diferença 3,21x maior para estratégia fisiológica (p< 0,005). Confirmando que ECA fisiológica, embora favorável pela sincronia cardíaca, ocorre às custas de maior DM durante o implante, atribuível à técnica de perfuração transeptal na captura do ramo esquerdo da condução intrínseca. Esse dano, apesar de controlado e esperado, gera valores de troponina não desprezíveis comparados à literatura sobre DM Ryan Wereski (Circulation. 2021;144:528-538): IAM tipo 1: 538.4 ng/L (quartis [25%-75%]; [85.0-3584.9] ), dano agudo 74.0 ng/L [37.1-307.1], dano crônico 55.2ng/L [34.1-144.7]. Contudo, ao comparar os dados obtidos com a literatura, o dano pela ECA com eletrodos em posição fisiológica é menor que a esperada para IAM, porém não é desprezível comparado a outras injúrias miocárdicas.
Conclusões:Existem diferenças entre a injúria miocárdica associada a ECA fisiológica comparada à ECA convencional, medida pela diferença de aumento de Troponina. Embora essa injúria miocárdica não seja desprezível, talvez seja esperado como parte da técnica do procedimento. Faz-se necessário investigar detalhadamente o potencial efeito desse dano e consequências morfo-estruturais como fenômeno patogênico associado à ECA fisiológica.

Palavras Chave

Estimulação Cardíaca Artificial; Dano Miocardico; Troponina I