Dados do Trabalho

Título

Neoplasia Cerebral e Doença Cardiovascular, um Relato de Caso

Resumo

INTRODUÇÃO Os Tumores cerebrais (TC), benignos e malignos, estão associados à morbidade e mortalidade significativas e se elevam quando o paciente está acometido por doença cardiovascular (DCV). Apresentamos o caso de um paciente portador de meningioma, sem queixas cardiológicas e que durante a realização dos exames pré-operatórios demonstrou lesão triarterial coronariana.
RELATO DE CASO Masculino, 64 anos, histórico de cefaleia e déficit cognitivo há 3 meses e exame de imagem demonstrando um volumoso meningioma frontal. Relatou tratamento irregular para hipertensão arterial, diabetes mellitus e dislipidemia. Apresentava-se consciente, orientado, sem sinal de aumento da PIC na fundoscopia e sem déficit sensitivo ou motor. O eletrocardiograma demonstrou ritmo sinusal com alteração difusa da repolarização ventricular, o ecocardiograma evidenciou uma fração de ejeção de 38%, e alteração de contratilidade segmentar do ventrículo esquerdo. O cateterismo cardíaco demonstrou oclusão da artéria coronária direita, estenose de 70% da artéria circunflexa e de 80% na artéria descendente anterior. O meningioma encontrava-se localizado na região frontal e tinha 65x80x69mm. O paciente foi submetido a revascularização coronariana e encontra-se em fase de recuperação clínica com planejamento neurocirúrgico após 90 dias.
DISCUSSÃO Pacientes com TC apresentam maior risco de mortalidade cardiovascular em comparação com a população em geral. Os meningiomas respondem por 30–50% de todos os TC. Apesar de possuírem um comportamento mais benigno, muitos se apresentam na forma maligna e devido ao seu crescimento lento são diagnosticados mais tardiamente, quando já se encontram com grandes volumes e clínica de hipertensão intracraniana. Outros, pela localização, como no caso descrito, apresentam uma clínica muito tênue, onde as queixas são quase inexistentes, seja pelo declínio cognitivo, pela amnésia, disfasia ou pelo estado confusional do paciente. Desta análise, observa-se que pacientes com meningiomas, principalmente os do lobo frontal, podem se beneficiar da estratificação de risco e da prevenção precoce, dado o risco elevado de morte por DCV não avaliada adequadamente por conta do nível/ conteúdo da consciência do paciente.
CONCLUSÃO O adequado rastreio do risco cardiológico em pacientes com tumor cerebral deve ser enfatizado e o aprofundamento da investigação deve ser sempre realizado onde o nível/conteúdo da consciência estejam prejudicados pela localização do tumor cerebral.

Palavras Chave

doença cardiovascular; Tumores cerebrais