Dados do Trabalho


Título

Anomalia de Ebstein como Diagnóstico Diferencial de Hemocromatose aos 50 anos: Relato de Caso

Resumo

Anomalia de Ebstein (AE) é uma má formação da valva tricúspide (VT), incomum (<1% de todas as cardiopatias congênitas), sendo o defeito mais frequente desta valva. É uma forma especial de displasia valvar, gerada pelo deslocamento inferior do folheto septal e atrialização do VD. A hemocromatose hereditária (HH) é uma doença genética caracterizada pelo acúmulo excessivo de ferro, que resulta em lesão tecidual. O diagnóstico é feito pelos altos níveis séricos de ferritina, ferro e saturação da transferrina, sendo confirmado por um exame genético. É comum pensar-se em Hemocromatose diante de adultos com hiperferritinemia importante, mediante a grande variabilidade clínica desta doença.
Homem, 50 anos, assintomático, seguia com Gastroenterologista devido a hiperferritinemia (945 ng/mL) desde juventude, com principal hipótese HH. Concomitantemente, referiu que suas alterações no hemograma eram justificadas por desidratação (Hb16,6g/dL e Ht52,7%). Durante a pandemia averiguou-se que sua saturação de O2 estava entre 88 e 92%, não sendo investigado. Afirmou que já havia realizado ecocardiograma previamente, sem alterações dignas de nota (SIC). Aleatoriamente, se prontificou a ser o “modelo” para teste de um aparelho de ecocardiograma, quando foi diagnosticada Anomalia de Ebstein. Ao exame, FEVE 69%, VT com megafolheto anterior e deslocamento apical das cúspides septal e posterior, sem sinais de estenose e com refluxo moderado ao Doppler, além de átrio direito com aumento importante devido à atrialização de parte do VD, cuja cavidade livre tem dimensões reduzidas e função sistólica preservada (FAC 41%). Possuía sopro sistólico em foco tricúspide e discreto baqueteamento digital. Realizada ressonância magnética do coração com stress farmacológico, que confirmou a Anomalia, além de ausência de realce tardio, bem como isquemia miocárdica. Sem indicação de intervenção cirúrgica devido à sua evolução benigna.
A AE possui clínica caracterizada por dispnéia, cianose, arritmias, cardiomegalia e insuficiência ventricular direita, com grande variabilidade em sua intensidade. Este caso de se adequa dentre os diagnósticos mais tardios relatados, devido, principalmente, à ausência de sintomas, exame físico pobremente avaliado e ecocardiograma prévio equivocado. Devido ao prolongamento da expectativa de vida deste paciente e ao curso benigno de suas manifestações, proporcionou-se o surgimento de outros diagnósticos diferenciais não comumente feitos na infância, como HH.

Palavras Chave

Anomalia Ebstein

Arquivos

Área

CARDIOLOGIA CONGÊNITA E PEDIÁTRICA

Categoria

Jovem Pesquisador

Autores

JÂNIO FELIPE RIBEIRO DE SOUZA, CLARISSA PEREIRA DE OLIVEIRA, VINICIUS JANUÁRIO LIRA PEREIRA, JOÃO CRISÓSTOMO RAMALHO NETO, GABRIELY GOMES DE CORDUVA, GABRIELA FERNANDA RIBEIRO DE SOUZA, JANIO MARQUES VIEIRA DE SOUZA, PAULA FERNANDA RIBEIRO DE SOUZA, MATHEUS GOMES LIMA VERDE, VINICIUS CAMILO SILVA DE ALENCAR