Dados do Trabalho
Título
Síndrome coronariana aguda com supradesnivelamento do segmento ST secundária à embolia coronariana na vigência de endocardite infecciosa complicada por abscesso mitro-aórtico e fístula intracavitária
Resumo
Introdução: Embolia sistêmica secundária à endocardite infecciosa (EI) é uma complicação associada à elevada morbimortalidade, com prevalência variando de 1 a 10%. Embolização coronariana cursando com infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST é de ocorrência rara, com taxa reportada na literatura inferior a 1%.
Relato: Paciente do sexo masculino, 46 anos, hipertenso, admitido em pronto atendimento com quadro agudo de dor torácica e história pregressa de febre, prostração, inapetência e sudorese noturna há 3 semanas. Auscultado sopro aspirativo diastólico de alta frequência em foco aórtico. Eletrocardiograma constatou supradesnivelamento do segmento ST em parede anterior. Coronariografia emergencial evidenciou falha de enchimento em leito distal de artéria descendente anterior, sugestiva de evento embólico, sendo optada por conduta conservadora. Ecocardiograma transtorácico demonstrou imagem filamentar móvel sugestiva de vegetação em valva aórtica, com aproximadamente 9mm, insuficiência aórtica de grau importante e dilatação do ventrículo esquerdo (82mm). Ecocardiograma transesofágico complementar revelou imagem compatível com pseudoaneurisma e vegetação localizados na zona fibrosa intervalvar mitro-aórtica (FIMA) e fístula com fluxo para o átrio esquerdo. Iniciada antibioticoterapia empírica para EI, com posterior descalonamento após identificação de Staphylococcus epidermidis sensível a oxacilina em amostras de hemocultura. No 10º dia de internação foi realizada cirurgia cardíaca com drenagem do abscesso, ressecção do pseudoaneurisma da FIMA envolvendo a fístula, e ressecção parcial da cúspide anterior da valva mitral relacionada a junção mitro-aórtica, poupando sua borda livre. Feita reconstrução da FIMA e plastia da cúspide anterior da valva mitral com pericárdio bovino, seguida do implante de prótese biológica aórtica tamanho 27mm. Paciente evoluiu sem intercorrências, recebendo alta hospitalar após 6 semanas de antibioticoterapia. Ecocardiograma no momento da alta evidenciou prótese biológica em posição aórtica normofuncionante, com regressão da dilação do ventrículo esquerdo (54mm) e contratilidade inalterada.
Conclusão: A embolia coronariana por EI é um causa rara de síndrome coronariana aguda, notadamente no contexto de abscesso mitro-aórtico e fístula intracavitária com drenagem para o átrio esquerdo. Uma propedêutica adequada seguida de cirurgia cardíaca complexa foram determinantes na evolução favorável do caso.
Palavras Chave
Infarto do Miocárdio com Supradesnível do Segmento ST; Endocardite Bacteriana; Embolia
Arquivos
Área
PERICÁRDIO / ENDOCÁRDIO / VALVOPATIAS
Categoria
Jovem Pesquisador
Autores
RENATO COUTO SOARES CAVERSAN, LEONARDO MARÓSTICA ALVES SILVA, THAIS MESQUITA BARROS, CASSIO GUILHERME SANFELICE NOGUEIRA, ENRICO DE LOSSO SENEME, VITOR CASTRO TAVARES, JOAO CARLOS MORON SAES BRAGA, MARCOS GRADIM TIVERON