Dados do Trabalho


Título

Complicação potencialmente fatal após infarto agudo do miocárdio: relato de manejo contemporâneo da comunicação interventricular

Resumo

Introdução: A Comunicação Interventricular (CIV) após infarto agudo do miocárdio (IAM) é um evento raro, ocorrendo em apenas cerca de 0,3% dos casos de IAM, mas potencialmente fatal. A mortalidade pode atingir 80% no primeiro mês. A apresentação clínica é variável, mas habitualmente cursa com quadro de choque cardiogênico. Relatamos um caso clássico de CIV após IAM com objetivo de discutir o manejo terapêutico.
Relato do caso: Mulher, 78 anos, foi atendida em hospital secundário com quadro de dor torácica típica. Inicialmente, foi descartado IAM e a paciente foi liberada após poucas horas. No mesmo dia, ela retorna com recorrência da dor, sendo confirmado IAM com supradesnivelamento de ST em parede anterior. Foi institutído tratamento com dupla antiagregação plaquetária e anticoagulação plena, além de solicitada angioplastia primária. A paciente foi encaminhada a um serviço especializado após cerca de 48 horas do ictus da dor, onde foi realizado o cateterismo cardíaco, que identificou lesão oclusiva em artéria descendente anterior (ADA) em terço médio, com angioplastia da artéria culpada no mesmo procedimento. No 5º dia do ictus da dor, evolui com choque cardiogênico e surgimento de sopro holossistólico novo. Ecocardiograma transtorácico (ECOTT)identificou defeito do septo interventricular de 13mm. Foi indicada cirurgia de urgência, sendo realizada correção da CIV com patch do pericárdio e enxerto de veia safena para ADA com tempo total de 2h35min de circulação extra-corpórea. A despeito da gravidade, paciente evoluiu com melhora da hemodinâmica gradual no pós-operatório. Após 23 dias da cirurgia, apresenta infecção de ferida operatória em esterno. Atualmente, a paciente está realizando antibioticoterapia, com boa evolução clínica e mantendo função cardíaca preservada.
Discussão: A CIV é uma condição de alta gravidade clínica, cuja hipótese diagnóstica deve ser lembrada em casos de choque cardiogênico após IAM. Seu aparecimento mais frequente é 3-5 dias após o IAM e os principais fatores de risco são idade avançada, sexo feminino e atraso na reperfusão. Na maior parte das vezes ocorre após IAM com supra de ST anterior. O exame diagnóstico principal é o ECOTT, que é capaz de localizar o defeito septal O tratamento de escolha é a correção cirúrgica. A correção percutânea é uma opção para o tratamento em pacientes com risco cirúrgico muito elevado, mas está associada a taxas de mortalidade semelhantes à correção cirúrgica (40-50%).

Palavras Chave

Comunicação Interventricular; infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento de segmento ST

Arquivos

Área

DOENÇA CORONÁRIA AGUDA E CRÔNICA / TROMBÓLISE

Categoria

Jovem Pesquisador

Autores

FILIPE ROCHA DA SILVA, CARLOS VICENTE SERRANO JUNIOR, MARCELO HENRIQUE MOREIRA BARBOSA, FABIO GRUNSPUN PITTA, EDUARDO BELLO MARTINS, FERNANDO FELIPE LODOVICHI, ANDEÍLE DE ALBUQUERQUE GALHARDO, EDUARDO GOMES LIMA, FABIANA HANNA RACHED