Dados do Trabalho
Título
Valor prognóstico da frequência cardíaca em repouso e da variabilidade da frequência cardíaca no eletrocardiograma de 12 derivações: dados de mortalidade de um banco de dados nacional
Resumo
Introdução: A Frequência Cardíaca de repouso (FC) e a Variabilidade da Frequência Cardíaca (VFC) refletem o controle autonômico cardiovascular, e são implicadas como marcadores prognósticos. Objetivamos avaliar o valor prognóstico da FC e da VFC para mortalidade na coorte de uma rede nacional de telemedicina.
Métodos: Foram avaliados ECGs únicos registrados de pacientes ≥16 anos, da base de dados nacional de tele-ECG da Rede Teleassistência de Minas Gerais, Brasil, entre 2010 e 2017. Variáveis de interesse foram FC e o desvio padrão dos intervalos RR normais (SDNN). Dados autoinformados foram coletados: sexo, idade, fatores de risco (hipertensão, dislipidemia, diabetes, tabagismo) e comorbidades clínicas (infarto do miocárdio, doença pulmonar obstrutiva crônica e doença de Chagas). Desfechos de interesse foram mortalidade por todas as causas e cardiovascular, avaliada pelos códigos CID das declarações de óbito, por meio de linkage com o Sistema de Informações sobre Mortalidade. Regressão de Cox foi aplicada para avaliar a associação entre FC e VFC e os desfechos, em 4 modelos: 1. Não ajustado; 2. Ajustado por sexo e idade; 3. Modelo 2 + fatores de risco; 4. Modelo 3 + comorbidades clínicas.
Resultados: Foram incluídos 992.611 indivíduos com idade média de 55 anos, 60% mulheres. Em 6 anos ocorreram 33.292 (3,4%) óbitos, 21% por causas cardiovasculares. Pacientes que faleceram eram mais velhos, mais frequentemente homens e com maior prevalência dos fatores de risco e comorbidades. Após ajustes (modelo 4), todos os quartis de FC foram independentemente associados a maior mortalidade por todas as causas, com risco progressivo, sendo 88% maior para o 4º quartil (HR=1,88 (IC95% 1,77–1,89). Da mesma forma, o 1º e 2º quartis da VFC permaneceram associados à mortalidade por todas as causas (1º quartil HR=1,42 (IC 95% 1,37–1,47) no modelo final. Para mortalidade cardiovascular, a FC foi também preditora independente, com risco progressivo entre o 3º e 4º quartis, com aumento de 77% (HR = 1,77 IC 95% 1,65–1,91) no 4º quartil. VFC também foi um preditor independente de óbito cardiovascular, com aumento de risco de 33% no 1º quartil (HR: 1,33, IC 95% 1,23–1,44). Sexo masculino, idade e todos os fatores de risco e comorbidades analisadas também foram preditores independentes de mortalidade por todas as causas e cardiovascular.
Conclusões: Em uma coorte nacional, FC e a VFC foram independentemente associadas ao aumento da mortalidade por todas as causas e cardiovascular.
Palavras Chave
mortalidade; Variabilidade da Frequência Cardíaca; frequência cardíaca basal
Área
ARRITMIAS CARDÍACAS/ ELETROFISIOLOGIA/ ELETROCARDIOGRAFIA
Categoria
Pesquisador
Autores
DIEGO NASCIMENTO MORAES, BRUNO RAMOS NASCIMENTO, PAULO RODRIGUES GOMES, MAGDA CARVALHO PIRES, ANTONIO LUIZ PINHO RIBEIRO