Dados do Trabalho
Título
Tempestade elétrica após infusão de Fenitoína em paciente com epilepsia: Relato de caso
Resumo
Introdução: A tempestade elétrica é caracterizada por um estado de hiperatividade simpática resultando em arritmias ventriculares recorrentes e, em alguns casos, refratárias. É definida como 3 ou mais episódios de taquicardias ventriculares sustentadas em 24 horas, com pelo menos 5 minutos de intervalo entre eles. Descrevemos o caso de uma paciente jovem previamente epiléptica, admitida no hospital após 3 episódios de crise convulsivas refratárias ao tratamento com Diazepam, evoluindo, após dose de fenitoína, com crises recorrentes de taquicardia ventricular, degenerando para TV polimórfica.
Descrição de caso: Mulher, 41 anos, previamente epiléptica, admitida com quadro de crise convulsiva em casa, 2 episódios. Recorreu com nova crise após a admissão hospitalar, sendo medicada com Diazepam e Fenitoína dose de ataque e manutenção. Evoluiu, após hidantonização, com Parada Cardiorespiratória sem identificação de ritmo, com retorno da circulação espontânea após 1 minuto de ressucitação cardiopulmonar. Foi prontamente monitorizada, identificado Taquicardia Ventricular (TV) Monomófica ao monitor, realizada cardioversão elétrica sincronizada com 100j com retorno para ritmo sinusal. Recorreu com novos episódios de TV recorrentes, 18 no total, e refratárias à infusão de Amiodarona. Associou-se Lidocaína como terapia antiarritmica adicional, além de Metoprolol para beta bloqueio, sem resposta. Mantendo TV, optou-se por bloqueio do gânglio estrelado bilateralmente, também sem sucesso. Degenerou para TV polimórfica, administrou-se sulfato de magnésio seguido de desfibrilação cardíaca, infusão contínua de isoproterenona e necessidade de entubação orotraqueal com sedação profunda. Submetida a cineangiocoronariografia que não evidenciou lesões obstrutivas. Ecocardiograma transtorácico normal, Ressonância Magnética cardíaca sem edema ou realce tardio. Progrediu-se ao desmame de lidocaína e isoproterenona, ajuste de betabloqueador, mantida em sedação contínua com retorno e persistência do ritmo sinusal. Foi extubada e submetida ao implante de Cardiodesfibrilador (CDI) após estabilização clínica. Manteve-se em ritmo sinusal, rebendo alta hospitalar em boas condições clínicas. Conclusão: A tempestade elétrica é uma condição clínica grave, cuja base terapêutica atua em 3 frentes principais: antiarrítmicos, bloqueio adrenérgico e sedação. Em casos refratários a ablação e até mesmo a denervação cardíaca cirúrgica torna-se uma opção.
Palavras Chave
Tempestade elétrica; fenitoina; epilepsia
Área
ARRITMIAS CARDÍACAS/ ELETROFISIOLOGIA/ ELETROCARDIOGRAFIA
Categoria
Jovem Pesquisador
Autores
JOÃO PAULO CARDOSO DA SILVA, GUSTAVO MICENA DE ARAÚJO, BARBARA CAROLINA SILVA ALMEIDA, GABRIEL ASSIS LOPES DO CARMO, MARIA CLARA NOMAN DE ALENCAR, ESTÊVÃO LANNA FIGUEIREDO