Dados do Trabalho

Título

EFEITO DO USO PROLONGADO DO CPAP NOS NÍVEIS PRESSÓRICOS EM HIPERTENSÃO RESISTENTE E APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO

Resumo

Introdução: A associação entre Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) e Hipertensão Arterial Resistente (HAR) já estabelecida não deixa claro se o uso da Pressão Positiva Contínua em Vias Aéreas (CPAP) possa trazer benefícios em relação à redução da pressão arterial (PA). Os resultados controversos devem decorrem de estudos com efeito do CPAP por um tempo curto variando entre 2 e 6 meses.
Objetivo: Avaliar prospectivamente os níveis pressóricos de consultório e da MAPA, antes e após o uso prolongado do CPAP em pacientes com HAR e AOS moderada a grave.
Métodos: estudo prospectivo de intervenção com 124 hipertensos resistentes com AOS moderada/grave divididos em 2 grupos. Pacientes que usaram CPAP ininterruptamente por um período mínimo de 12 meses (grupo CPAP, n=65) foram comparados com os que se recusaram a usar CPAP apesar da indicação (grupo controle, n=59). A PA de consultório e a MAPA de 24 horas foram obtidas no início e após o acompanhamento. Como desfechos primários alterou a PA de consultório e MAPA e redução da PA noturna. Comparações intergrupos de mudanças na PA avaliadas por um modelo linear geral com o grupo de alocação como um fator fixo e ajustadas para seus respectivos valores basais de PA, idade e IAH.
Resultados: A mediana [intervalo interquartil] do tempo de acompanhamento foi de 68 [49-81] meses e acompanhamento mínimo de 12 meses com redução da PA sistólica de consultório de -7,5 mmHg ([IC95%: -16,3 a -1,1],p=0,089), da PA sistólica e diastólica noturna de –6,1 mmHg ([IC95%: -12,4 a 0,3], p=0,06) e -3,5 mmHg ([IC95%: -7,4 a 0,6],p=0,092), sem atingir significância estatística. Após excluir 9 pacientes do grupo CPAP com baixa adesão, encontramos uma redução na PA sistólica de consultório de -10,3 mmHg ([IC95%: -19,7 a 0,9],p=0,031), na PA sistólica e diastólica de 24 horas de – 4,8 mmHg ([IC95%: -10,5 a 0,8],p=0,095) e -3,4 mmHg ([IC95%: -6,8 a 0,1],p=0,045), e na PA noturna sistólica e diastólica de –8,1 mmHg ( [IC95%: -14,7 a -1,5],p=0,017) e -5,3 mmHg ([IC95%: -9,6 a -1,1],p=0,014). Houve aumento da redução sistólica noturna no grupo CPAP em relação ao grupo controle (3,6%[IC95%: 0,2 a 7,0],p=0,038).
Conclusão: O uso prolongado de CPAP reduziu a PA sistólica de consultório e a PA de 24 horas e noturna, especialmente em pacientes com boa adesão ao CPAP.

Palavras Chave

Palavras Chave: hipertensão arterial resistente; apneia do sono; CPAP