Dados do Trabalho


Título

Miocardiopatia induzida por ectopia ventricular em um atleta olímpico de Taekwondo - uma causa reversível de insuficiência cardíaca em atletas

Resumo

A presença de arritmia ventricular (AV) pode ser um marcador de doença cardíaca subjacente em atletas, já que a minoria deles apresenta ectopias ventriculares (EV) frequentes e/ou complexas. Características específicas da EV, como: morfologia, alta carga, complexidade, origem multifocal e aumento da densidade com o esforço, devem alertar para a possibilidade da existência de doença cardíaca. Sabe-se, no entanto, que a presença de carga de arritmia ventricular acima de 10-15% de um período de 24 horas, pode levar a deterioração progressiva da função ventricular esquerda (VE). O caso reportado é de um homem de 19 anos, negro, atleta da Confederação Brasileira de Taekwondo. Realizou eletrocardiograma (ECG) pré-participação para os jogos olímpicos que mostrou bigeminismo ventricular com EV com morfologia de BRE e duração do QRS de 160 ms (Fig 1A). Holter de 24 h comprovou alta carga de arritmia ventricular (total de 33.054 EV, com carga de 37%) e o ecocardiograma (ECO) mostrou disfunção VE grave (FEVE por Simpson de 34%) e strain global longitudinal (SGL) de –11%. Ressonância magnética do coração (RMC), mostrou ausência de realce tardio, substituição gordurosa ou edema, além da presença de movimento assíncrono do septo interventricular. Por fim, foi realizado teste de esforço cardiopulmonar (TECP) máximo, que mostrou supressão da EV no esforço, sem alterações clínicas, hemodinâmicas, metabólicas e eletrocardiográficas induzidas pelo esforço. A presença de intervalos de acoplamento variáveis das EV no Holter e no TECP, em conjunto com achados da RMC, apontavam para provável mecanismo automático da EV. Devido à ausência de sinais evidentes de doença cardíaca primária, o diagnóstico fechado foi de miocardiopatia induzida por EV (MCP-EV), tendo sido o paciente submetido a ablação da EV após destreinamento de 3 meses (Fig. 2E). Após a ablação, o ECG revelou ausência de EV (fig. 1B), enquanto o Holter de 24 h mostrou queda expressiva da carga de EV (apenas 1 EV isolada nas 24 h). O ECO realizado no mesmo tempo após ablação exibiu redução nas dimensões diastólicas do VE, aumento da FEVE de Simpson (de 34 para 45%) e do SLG de -11 para -16% (fig. 1 C e D). O TECP pós-ablação revelou um aumento de 3,35% no pico de VO2 apesar do destreinamento e o VO2 no limiar ventilatório1 demonstrou melhora de 33,3% (fig. 2F e G), o que atribuímos à correção da dissincronia e posterior alívio da disfunção ventricular subclínica. Após isso, o atleta foi liberado para competição.

Palavras Chave

Ablação por Cateter; arritmias ventriculares; Atleta

Arquivos

Área

ARRITMIAS CARDÍACAS/ ELETROFISIOLOGIA/ ELETROCARDIOGRAFIA

Categoria

Pesquisador

Autores

NÁGELA S. V. NUNES, JOELMA DOMINATO ROCHA, JOÃO P. M. CARVALHO, JOSÉ A. C. TEIXEIRA, STHEFANIA S. R. PEREIRA, MATEUS F. TEIXEIRA, ERIVELTON A. NASCIMENTO