Dados do Trabalho


Título

ENDOCARDITE MARÂNTICA DE VALVA AÓRTICA ASSOCIADA A LINFOMA - RELATO DE UM CASO RARO, PORÉM RELEVANTE

Resumo

Introdução: A endocardite marântica (também conhecida como endocardite trombótica não bacteriana - ETNB ou endocardite verrusosa) é o envolvimento valvar não infeccioso, formado por vegetações friáveis que geram trombos plaquetários, principalmente acometendo as válvulas mitral (75% dos casos) ou aórtica (25%). Ainda não foi descoberto o fator desencadeante para seu surgimento, sendo a principal hipótese uma lesão endotelial por citocinas circulantes, como: fator de necrose tumoral (TNF) e interleucina-1 (IL-1), associada a estados de hipercoagulabilidade, que desencadeiam acúmulo de plaquetas, fibrina e complexos imunes. Grande parte dos pacientes acaba sendo assintomático, tendo manifestações clínicas apenas quando a ETNB desencadeia eventos trombóticos sistêmicos, o que pode ocorrer em até 42% dos casos. Entre as principais condições associadas ao surgimento de endocardite marântica estão as neoplasias malignas avançadas devido a sua associação com o aumento da produção de TNF e IL-1 e a amplificação da cascata de coagulação (com consequente piora da hipercoagulabilidade já apresentada).
Descrição do caso: Paciente feminina, 56 anos, portadora de valva aórtica bicúspide, interna com quadro de emagrecimento, astenia, dispneia e febre. Evoluiu com rebaixamento do nível de consciência. Exame clínico evidenciava linfonodomegalia cervical e presença de sopro sistólico em foco aórtico com irradiação para carótidas. Tomografia Computadorizada identificou lesão expansiva mediastinal e ecocardiograma transtorácico demonstrou presença de lesão vegetante em face ventricular da valva aórtica, com dupla disfunção aórtica moderada associada. Realizada hemocultura e iniciado antibioticoterapia, porém paciente não apresentou melhora do quadro após 15 dias. Encaminhada à cirurgia cardíaca para troca valvar e biópsia de lesão mediastinal, evoluiu com piora progressiva no pós-operatório e óbito intra-hospitalar. Laudo histopatológico post mortem evidenciou presença de linfoma difuso de células B e biópsia de lesão valvar aórtica confirmou endocardite verrucosa.
Conclusão: A ETNB é uma complicação rara secundária a neoplasias de órgãos sólidos ou doenças auto-imunes. Sua suspeição clínica faz-se necessária em casos de vegetação valvar com hemoculturas negativas ou em pacientes com doenças que cursam com hipercoagulabilidade. Esta complicação associada à malignidade hematológica é pouco descrita na literatura, não sendo encontrado nenhum caso ligado a linfoma de células B.

Palavras Chave

endocardite marântica; linfoma; neoplasias

Arquivos

Área

DOENÇAS CARDIOVASCULARES NEGLIGENCIADAS

Categoria

Pesquisador

Autores

EMANUELLE CRISTINY MONTE SANTOS, MARCELO VIER GAMBETTA, DANIEL FIGUEIREDO LUCIANO JUNIOR, GUILHERME PACHECO, VITOR BAGATTOLI, CAROLINE OLIVEIRA FISCHER BACCA