Dados do Trabalho

Título

Um diagnóstico desafiador de endocardite por Serratia marcescens em valva aórtica

Resumo

No início do século 20, Serratia marcescens era considerada um organismo não patogênico. A partir da década de 1970 as espécies de Serratia foram reconhecidas como causadoras de um grande espectro de doenças. Uma das suas principais características é a capacidade de desenvolver mecanismos de resistência a múltiplas drogas dificultando as decisões de tratamento. Dentre essas doenças a endocardite por Serratia marcescens é extremamente rara, correspondendo a 0,14% dos casos de endocardite, acomete principalmente valva aórtica e mitral com frequente embolização para diversos órgãos e alta mortalidade.
Homem, 49 anos, admitido em pronto atendimento com história de picos febris, dor abdominal difusa, perda ponderal e cefaleia há 20 dias. Apresentava-se com instabilidade hemodinâmica (taquicardia, hipotensão) e relato de perda transitória de consciência. Apresenta diagnóstico de insuficiência renal, tabagista, etilista crônico, com antecedente de uso de cocaína. Evoluiu com choque séptico refratário a volume, internado em terapia intensiva. Apresentava hemocultura e urocultura negativas, sendo prescrito antibióticos de amplo espectro (ceftriaxona e metronidazol). Submetido a avaliação de imagens por tomografia de crânio e tórax sem alterações significativas e de abdome evidenciando espessamento irregular do parênquima esplênico sugestivo de infarto. No nono dia de internação apresentou piora do estado hemodinâmico necessitando do uso de droga vasoativa, sendo coletadas novas culturas com positividade para Serratia marcescens sensível a meropenem e bactrim. Feita hipótese diagnóstica de sepse por endocardite e submetido a ecocardiograma transesofágico que evidenciou vegetação de 20mm em valva aórtica com prolapso de folhetos coronarianos esquerdo e direito; perfuração do folheto direito com imagem sugestiva de abscesso valvar. Submetido a cirurgia de urgência para troca de valva aórtica com implante de bioprótese e iniciado de meropenem guiado por cultura. Preenchendo os critérios de Duke atualizados, confirma-se o diagnóstico de endocardite por apresentar imagem positiva de lesão valvar e critério cirúrgico à inspeção direta intraoperatória. Evoluiu com desmame de drogas vasoativas, melhora clínica, e permaneceu em enfermaria para termino de antibiótico por 4 semanas após intervenção cirúrgica.

Palavras Chave

Endocardite Bacteriana

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