Dados do Trabalho


Título

Endocardite infecciosa de prótese valvar aórtica de implante percutâneo: um relato de caso com embolização de primeira prótese

Resumo

Introdução
O implante percutâneo de válvula aórtica (TAVI) é de indicação crescente, inclusive em populações mais jovens. Uma complicação rara é a embolização da prótese para aorta durante procedimento, com necessidade de novo implante. A endocardite infecciosa (EI) de TAVI tem incidência estável a despeito da evolução técnica e é semelhante a válvulas implantadas cirurgicamente (0,6 a 3,4%). Essa é uma complicação grave e desafiadora para diagnóstico e tratamento.

Descrição do caso
Paciente masculino, 75 anos, hipertenso, diabético, coronariopata e portador de estenose aórtica calcífica é submetido a TAVI, número 29, em abril/2023. Apresentou embolização de primeira prótese para aorta ascendente, seguida de implante baixo de segunda, com sucesso hemodinâmico e ecocardiográfico. Após 8 meses, evolui com febre vespertina recorrente, emagrecimento expressivo, astenia e anemia. Isolado em hemoculturas Streptococcus gallolyticus multissensível, com diagnóstico de EI provável e início de antibiótico guiado. Em ecocardiograma transesofágico (ECOTE), há regurgitação periprotética leve e difícil delimitação entre próteses, sem vegetação ou abscessos. Angiotomografia cardíaca revela pseudoaneurisma de 6,5cm em aorta ascendente, com parte das próteses em seu interior. Frente ao alto risco de ruptura, optado por implante de tubo supracoronariano e prótese aórtica biológica. Relato cirúrgico de rotura contida e abscesso em parede aórtica fistulizado para tronco pulmonar. Paciente evolui a óbito em pós-operatório imediato.

Conclusão
A EI relacionada a TAVI é de literatura ainda escassa e constitui um desafio desde o diagnóstico. São fatores de risco: sexo masculino, pacientes jovens, implante baixo, mais de uma prótese e refluxo periprotético. Culturas negativas são raras, porém a avaliação por imagem, também critério maior de Duke modificado, é dificultada, especialmente no cenário de primeira prótese embolizada. A sensibilidade do ECOTE é reduzida (67% contra 89% em válvulas nativas) devido à dificuldade imposta pela sombra acústica do stent-frame e a complementação com tomografia cardíaca pode auxiliar no diagnóstico. Complicações são mais frequentes comparativamente a próteses cirúrgicas, cerca de 70% dos casos em estudos observacionais. Este cenário é de alta mortalidade independente da estratégia terapêutica e não há recomendação definitiva para indicação cirúrgica, tornando a discussão em Heart Team essencial.

Figura: angiotomografia cardíaca com pseudoaneurisma.

Palavras Chave

Complicação TAVI; Endocardite infecciosa; Aorta torácica

Arquivos

Área

PERICÁRDIO / ENDOCÁRDIO / VALVOPATIAS

Categoria

Jovem Pesquisador

Autores

JULIA DE BARROS NEGRI FERREIRA, ELLEN FERNANDA DAS NEVES BRAGA, AMANDA MENDONÇA DA SILVA COSTAS, NATÁLIA MOURA MACHADO