Dados do Trabalho


Título

Endocardite Infecciosa por Propionibacterium acnes em mulher jovem com membrana subaórtica e prótese aórtica metálica

Resumo

INTRODUÇÃO:
A endocardite infecciosa (EI) tem altas taxas de complicações e mortalidade, e é caracterizada pela infecção do endocárdico e dispositivos implantados, com manifestações sistêmicas, imunológicas ou locais. A doença cardíaca congênita e a presença de prótese valvar são importantes fatores, a última representando 20% dos casos. A infecção por Propionibacterium acnes (P. acnes) tem baixa incidência casuísticas e crescimento lento,sendo um desafio diagnóstico.
DESCRIÇÃO DO CASO:
Mulher 21 anos, submetida à ressecção circunferencial de via de saída do ventrículo esquerdo (VE) aos 8 anos, e ressecção de membrana subaórtica e troca valvar aórtica mecânica aos 16 anos. Evoluiu recentemente com piora de classe funcional, astenia, artrite migratória em tornozelos, lipotimia e febre ao longo de 2 meses. Há 9 meses sofreu trauma automobilístico com lesão em um dos pés necessitando de desbridamentos e antibioticoterapia. Possui vários piercings e tatuagens, última realizada há 1 ano e retirado piercing inflamado no mamilo há 2 meses .
Ao exame apresentava sopro sistólico +5/+6 em foco aórtico e lesão puntiforme violácea no maléolo lateral e região plantar.
Ecocardiograma transtorácico (ETT) demonstrou prótese aórtica metálica com espessamento do anel e de um dos hemidiscos. Ecocardiograma transesofágico (ETE) evidenciou imagem filamentar aderida à prótese, refluxo transprotético leve e abscesso perivalvar com extensão de aproximadamente 50% da circunferência do anel fistulizado, comunicando-se com saída do VE (pseudoaneurisma). Hemoculturas demonstraram crescimento de P. acnes em 3 amostras, fechando critério definitivo para EI definitiva pelos critérios de Duke Modificados. Pesquisa de embolização sistêmica negativa.
Iniciada antibioticoterapia sistêmica e submetida à nova ressecção cirúrgica de membrana subaórtica, ampliação do anel aórtico e re-troca valvar aortica mecânica com sucesso.
CONCLUSÃO:
No caso em questão não é possível se ter certeza a via de contaminação que levou à EI mas sabemos que a Propionibacterium se trata de um germe indolente, podendo a contaminação ter ocorrido muitos meses antes do diagnóstico. Não há contraindicação absoluta para realização de tatuagens e piercings em cardiopatas apesar de não ser recomendado por muitos cardiologistas.
O ETT é uma excelente ferramenta para o rastreio da EI, mas na alta suspeição e para melhor avaliação das estruturas adjacentes, o ETE é superior e fundamental.

Palavras Chave

Membrana subaórtica; Endocardite infeciosa; Propinibacterium acnes

Arquivos

Área

CARDIOLOGIA CONGÊNITA E PEDIÁTRICA

Categoria

Jovem Pesquisador

Autores

CLARA ROSAS, BEATRIZ FERREIRA, LARA LARA, Isabelle COHEN, ALEX FÉLIX, FABIO NISHIJUKA, MELISSA PINHEIRO, ANA LETÍCIA PINTO, KALEC MORAES, CÍNTIA MATTOSO, MARIA CAROLINA COLA, THAÍSSA MONTEIRO