Dados do Trabalho


Título

Alterações cardíacas detectadas por Ressonância Magnética em pacientes pós-COVID-19

Resumo

Introdução: A pandemia da COVID-19 atingiu o Brasil em março de 2020 e, desde então, novas descobertas de comprometimento sistêmico extra-pulmonar têm se mostrado relevantes, sobretudo no âmbito cardiovascular. A miopericardite é uma consequência dessa atividade inflamatória sistêmica causada pelo vírus e se mostra como uma sequela tardia da infecção.
Objetivos: Investigar as alterações cardíacas inflamatórias dos quadros de pós-COVID-19 por meio da realização de Ressonância Magnética (RM) Cardíaca com realce tardio pelo gadolínio (LGE) e mapeamento T1.
Metodologia: Foram recrutados 180 pacientes previamente internados pela COVID-19 e manifestações cardiovasculares dentre cinco hospitais terciários no Rio de Janeiro, Brasil. Cinquenta e quatro aceitaram retornar para realização de RM com LGE. Vinte e seis (48.1%) possuíam imagens sugestivas de miopericardite e foram convidados para um segundo exame, e 17 destes (65,4%) aceitaram. Um grupo controle composto por 15 pacientes saudáveis e sem comorbidades associadas foi adicionado.
Resultados: Dentre os 54 pacientes, 39 (72.2%) eram do sexo masculino, com idade média 58±18.1 anos. Dentre eles, 28 (51.9%) pacientes apresentavam hipertensão arterial, 16 (29.6%) diabetes mellitus e 10 (18.5%) doença cardíaca crônica. O grupo controle era composto por 15 pacientes: 8 (53.3%) do sexo masculino e idade média de 55±12.7 anos. Não houve diferença entre os grupos quanto aos índices de T1 nativo (p=0.384), T2 (p=0.713) e volume extracelular (ECV; p=0.254). Dezessete pacientes (31.5%) tiveram padrão de LGE sugestivo de miopericardite: 6 (35.3%) com realce mesoepicárdico e 12 (70.6%) com realce pericárdico, sendo 1 paciente com ambos. O segundo exame de RM foi realizado após um intervalo de 315 dias (mediana), e a comparação evolutiva demonstrou a persistência de miopericardite em 13 (76.5%) pacientes. Dentre eles, houve a manutenção de padrão mesoepicárdico nos 6 (35.3%) pacientes e redução do realce pericárdico de 12 (70.6%) para 9 (52.9%) pacientes. Não foi observada diferença entre os índices T1 nativo (p=0.555), T2 (p=0.960) e ECV (p=0.171) entre os dois exames.
Conclusão: Os achados na RM por LGE mostram que uma das sequelas do pós-COVID-19 é a miopericardite, e a persistência dessa inflamação reduz ao longo do tempo, refletindo um quadro inflamatório transitório. As medidas do T1, T2 e ECV sugerem ausência de edema ou fibrose miocárdica dentre as sequelas tardias.

Palavras Chave

Miopericardite; ECV; LGE

Arquivos

Área

COVID-19 E SISTEMA CARDIOVASCULAR

Categoria

Iniciação Científica

Autores

JOSE CARLOS PIZZOLANTE SECCO, EDUARDO BARROS SCHAUSTZ, ANDRÉA S SOUZA, JULIANA R FERREIRA, OLGA F SOUZA, PAULO ROSADO DE-CASTRO, RONIR R LUIZ, EMILIANO MEDEI, JULIA MACHADO BARROSO, GABRIEL CORDEIRO CAMARGO, RENATA MOLL-BERNARDES