Dados do Trabalho

Título

Preditores de otimização terapêutica na insuficiência cardíaca

Resumo

Introdução: A terapia médica otimizada na insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFEr) se refere à utilização de doses-alvo dos medicamentos conforme recomendado pelas diretrizes. Estudos sugerem que a adesão a esta recomendação é baixa na prática, por razões não totalmente esclarecidas. Objetivo: Identificar preditores de otimização de cada uma das classes de medicamentos para ICFEr. Métodos: Foram incluídos pacientes maiores de 18 anos com Insuficiência Cardíaca com fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) menor que 50% tratados em um centro de referência do SUS entre julho de 2021 e dezembro de 2023. Pacientes que já estavam nas doses-alvo de todas as classes de medicação foram excluídos da análise. A otimização terapêutica durante a consulta foi definida como aumento do percentual da dose-alvo durante a consulta para cada classe farmacológica preconizada no tratamento da ICFEr. Os parâmetros clínicos e laboratoriais coletados durante a consulta foram incluídos em um modelo de regressão logística multivariável tipo stepwise para identificar os preditores independentes de otimização. Resultados: 271 pacientes (65±13 anos, 45% mulheres, FEVE 36±8%) foram analisados. Destes, 130 (48%) otimizaram pelo menos uma classe de medicamentos durante a consulta. A otimização dos inibidores do sistema renina-angiotensina ou inibidor da neprilisina/bloqueador do receptor da angiotensina ocorreu em 18% dos pacientes, e os preditores independentes de otimização foram FEVE mais baixa [Odds ratio (OR): 0,92; p<0,001] e idade menor que 65 anos (OR: 0,40; p= 0,010). Espironolactona foi otimizada em 7%, e o único preditor foi a PAS (OR: 1,03; p= 0,023). Os betabloqueadores foram otimizados em 19% dos pacientes, e os preditores independentes: maior frequência cardíaca (OR: 1,02; p= 0,015) e pressão arterial sistólica (PAS) (OR: 1,03; p= 0,010), e sexo masculino (OR: 2,00; p= 0,041). Inibidores do cotransportador sódio-glicose 2 foram otimizados em 12%, sendo a pior classe funcional (OR: 1,75; p= 0,011) o único preditor independente. Conclusão: Em um centro de referência para IC do SUS, o tratamento medicamentoso para IC é otimizado em metade dos pacientes, tendo preditores clínicos e laboratoriais diferentes para otimização de cada classe de medicamento.

Palavras Chave

icfer; otimização terapêutica; medicamentos