Dados do Trabalho
Título
Tempestade Elétrica Refratária ao Uso de Antiarrítmico com Necessidade de Marca-Passo Transvenoso Provisório e Realização de “Overdrive Suppression”
Introdução
A tempestade elétrica é definida por taquicardia ventricular (TV) recorrente, em um curto intervalo de tempo. Para tal, há gatilhos como distúrbios hidroeletrolíticos, toxicidade medicamentosa e isquemia miocárdica. É necessário o controle e reversão, devido a sua potencial gravidade, seja com drogas antiarrítmicas ou implante do marcapasso (MP) provisório, se for refratária às drogas.
Descrição do Caso
Homem, 67 anos, portador de Hipertensão Arterial Sistêmica, Doença Renal Crônica Estágio IIIa (ClCr 57ml/min), miocardiopatia dilatada grave de etiologia isquêmica, classe funcional III (Fração de Ejeção 23%), etilista e tabagista, apresentou um episódio de síncope. Após 4 horas, relatou dor precordial típica, irradiando para dorso, com alívio após medicações para síndrome coronariana aguda. O monitor cardíaco exibiu TV sustentada monomórfica. Foi feita cardioversão (CV) química com amiodarona, revertendo para flutter atrial. Foi submetido à cinecoronariografia com ultrassom intra-coronário e necessidade de implante de 3 stents farmacológicos em artéria coronária direita (reestenose intrastent). Durante internação na Unidade de Terapia Intensiva, evoluiu com tempestade elétrica refratária à amiodarona, lidocaína e CV elétrica. Cursou com instabilidade hemodinâmica, agravamento da função renal, necessidade de vasopressor e inotrópico positivo. Contudo, alcançou estabilização clínica após o implante de MP transvenoso provisório e realização de “overdrive suppression”. Manteve-se em ritmo de MP com estimulação ventricular, sem novos episódios de taquiarritmia. Foi identificada uma área de fibrose póstero-inferior pela eletrofisiologia e necessidade de ablação do foco arritmogênico e, pela gravidade da doença, ao implante do CDI. Após estabilidade clínica, teve alta hospitalar para seguimento ambulatorial.
Conclusões
Diante de TV recorrentes, como na tempestade elétrica, o manejo deve ser iniciado o mais breve possível. Por vezes, o uso de antiarrítmicos endovenosos não são eficazes para restabelecer o status clínico agudamente comprometido pela arritmia, ou para evitar deterioração clínica. Assim, torna-se imperativo lançar mão do implante de dispositivos. A técnica da hiperestimulação pelo MP é indicada até que seja viável iniciar uma terapia de longo prazo ou ablativa. Em casos de TV refratária, é possível sobrepor o ritmo ectópico com um impulso elétrico externo, ao estimular por “overdrive suppression”, evitando o automatismo ventricular anormal e, portanto, a perpetuação da arritmia.
Palavras Chave
marcapasso artificial; arritmia cardíaca
Área
Medicina
Instituições
Hospital do Coração - Rio Grande do Norte - Brasil
Autores
Juliana Maria Gurgel Guimarães Oliveira, Ana Beatriz Motta de Azevedo Rocha, Ana Luiza Pinto Lucena Bezerra, Julia de Faria Maia Pedreiro, Lauanda Enia Medeiros Rocha, Sylton Arruda Melo