1º Arritmia Nordeste e III Simpósio Norteriograndense de Arritmia Cardíaca

Dados do Trabalho


Título

HIPERTIREOIDISMO INDUZIDO PELO USO DE AMIODARONA EM PACIENTE COM CARDIOMIOPATIA CHAGÁSICA

Introdução

O Hipertireoidismo induzido pela Amiodarona é uma complicação factível no tratamento de arritmias cardíacas. A Amiodarona contém altas concentrações de iodo, o que pode induzir distúrbios tireoidianos, como o Hipertireoidismo. A Doença de Chagas (DC) é uma infecção parasitária causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi que pode afetar os sistemas digestivo e cardíaco na fase crônica. Pacientes com Cardiomiopatia (CMP) Chagásica frequentemente necessitam de tratamento com Amiodarona devido às arritmias ventriculares complexas. Este relato busca apresentar um caso de disfunção tireoidiana decorrente do uso do fármaco.

Descrição do Caso

A. G. L. S., homem, 48 anos, compareceu no Ambulatório de Doença de Chagas apresentando palpitações durante a atividade laboral, dispneia aos grandes esforços, lipotímia e distúrbio do sono bem documentado. Possui diagnóstico de hipertensão arterial sistêmica e nega diabetes, tabagismo, sedentarismo ou evento cardiovascular prévio. O eletrocardiograma (ECG) mostrou Bloqueio de Ramo Direito (BRD) e Bloqueio Divisional Posteroinferior Esquerdo (BDPI). O Holter 24h mostrava elevada densidade de arritmias ventriculares, razão pelo qual o paciente se encontrava em uso de Amiodarona. Procedeu-se com investigação laboratorial da função tireoidiana com dosagem de hormônio tireoestimulante (TSH) e T4 livre que mostrou, respectivamente, resultados de 6,0 ng/dL e 0,020 μUI/mL, compatível com o diagnóstico de hipertireoidismo. Foi encaminhado para acompanhamento com endocrinologista que iniciou tratamento com corticoesteróide e, posteriormente, com tapazol 5 mg, 1x/dia, além de investigação detalhada da tireotoxicose. Paciente apresentou melhora clínica progressiva, bem como normalização dos exames laboratoriais após alguns meses de tratamento. Atualmente, encontra-se assintomático e em uso de losartana 100 mg/dia, succinato de metoprolol 100 mg, 2x/dia, espironolactona 25 mg, 1x/dia, amiodarona 200 mg/dia e rivaroxabana 20 mg/dia.

Conclusões

O caso demonstra a importância do acompanhamento clínico e laboratorial dos pacientes em uso de drogas antiarrítmicas, sobretudo a Amiodarona, uma vez que as disfunções tireoidianas contemplam o espectro de patologias decorrentes do uso crônico da droga, o que pode cursar com descompensação da doença de base dos pacientes em virtude dos efeitos deletérios dos hormônios tireoidianos em excesso.

Palavras Chave

Amiodarona; Antiarrítmicos; Hipertireoidismo; Doença de Chagas;

Área

Medicina

Instituições

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) - Rio Grande do Norte - Brasil

Autores

Andreina Marina Rebouças de Oliveira, Eliseu dos Santos Marcos, Letícia Bianca Alves Rodrigues, Heronildo Almeida Luna Fernandes, Felipe Xavier de Souza Cruz, Cléber de Mesquita Andrade