32º Congresso Pernambucano de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

Uso da semaglutida na abordagem terapêutica da Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção Preservada (ICFEP): Uma revisão de literatura

Introdução

A Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção Preservada (ICFEP) caracteriza-se como a síndrome clínica na qual há disfunção diastólica ventricular associada a sinais/sintomas sistêmicos de congestão sem a presença de disfunção sistólica, ou seja, cuja Fração de Ejeção (FE) ventricular encontra-se >50%. No Brasil, estima-se que mais da metade dos casos de Insuficiência Cardíaca (IC) são do tipo ICFEP, estando, muitas vezes, associados à obesidade e à Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), condições que contribuem tanto no surgimento quanto na progressão da condição. Diferentemente da Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção Reduzida (ICFER), a ICFEP contava, até 2022, com limitadas opções terapêuticas que atuavam mais na modulação das comorbidades do que propriamente na redução de sintomas e de mortalidade. Entretanto, com os estudos STEP-HFpEF e STEP-HFpEF DM, a semaglutida surgiu como possibilidade de abordagem terapêutica da condição.

Métodos

O presente estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura, realizada a partir da plataforma PubMed, utilizando-se da chave de busca "semaglutide" AND ("Heart Failure" OR "HFpEF"). Foram identificados 24 artigos no banco de dados de busca. Após a aplicação dos critérios de inclusão (disponibilidade de texto completo e gratuito em português ou inglês), restaram 13 artigos. Em seguida, após a leitura dos títulos e resumos, 12 artigos foram selecionados, sendo que 1 artigo foi excluído. Ao final, 12 artigos compuseram a presente revisão.

Resultados

A partir da análise dos estudos, percebeu-se a segurança e aplicabilidade do uso da semaglutida especialmente em pacientes com obesidade, podendo ou não terem a diabetes mellitus tipo 2 como comorbidade. Pacientes com essa condição frequentemente apresentam sintomas graves e limitações físicas, mas o tratamento com o fármaco tem mostrado resultados promissores. Em todos os estudos a semaglutida foi utilizada em doses semanais de 2,4 mg, demonstrando-se ser mais eficaz do que o placebo na redução dos sintomas da insuficiência cardíaca, na melhora da função do exercício e na maior promoção de perda de peso, não sendo possível, ainda, estimar impactos na mortalidade por ICFEP. Além disso, a semaglutida mostrou-se superior a outros tratamentos, como inibidores do SGLT2 e sarcubitril-valsartana, em pacientes com ICFEP o fenótipo da obesidade. Ademais, os estudos destacaram os efeitos antiinflamatórios e hemodinâmicos favoráveis da semaglutida, além de melhorias na qualidade de vida dos pacientes que parecem ir além daqueles obtidos apenas com a perda de peso.

Discussão/Conclusão

A semaglutida mostrou-se segura para uso na dose semanal de 2,4 mg, além de ter demonstrado redução da sintomatologia da ICFEP em pacientes obesos, surgindo como esperança para o tratamento da condição. Entretanto, faz-se necessários mais estudos para ampliar seu uso com a finalidade terapêutica da ICFEP.

Palavras Chave

Insuficiência Cardíaca; Insuficiência Cardíaca Diastólica;

Área

Insuficiência Cardíaca

Autores

SAMUEL ASAFE SILVA, MARCELA VIEIRA LEITE