Dados do Trabalho
Título
Aneurismas coronarianos como causa de SCA: Um relato de caso.
Introdução
Os aneurismas coronarianos (AC) são entidades com incidência de 0,15-4,9%, podendo acometer um segmento arterial ou todo trajeto coronário, sendo a aterosclerose responsável por mais de 50% dos casos em adultos.
Apresentam-se com difícil manejo, visto que não contam com evidências robustas acerca de sua abordagem em diretrizes.
Descrição do caso
Homem, 68 anos, hipertenso, hipotireoideo, dislipidêmico, ex-tabagista (50 maços ano), portador de insuficiência cardíaca, admitido em emergência cardiológica com dor precordial em aperto e dispneia há 01 dia. ECG demonstrou alteração de repolarização ventricular inferior. Troponina: 1458 (VR< 14). Radiografia de tórax com área mediastinal normal. Diante de síndrome coronariana aguda (SCA), realizou cateterismo cardíaco, que evidenciou AC de tronco de coronária esquerda (TCE) com envolvimento triarterial, mantendo fluxo distal normal. Além de trombo na porção distal da artéria coronária direita (ACD) de aspecto agudo e outro crônico em região proximal. Apresentou ainda lesão moderada em segundo ramo marginal.Realizada angiotomografia para melhor definição anatômica e discutido caso com equipe do heart team, sendo optado por conduta conservadora com dupla antiagregação, anticoagulação e seguimento ambulatorial.
Discussão/Conclusão
Os AC são uma dilatação atípica arterial, com um diâmetro maior a 1,5 vezes o tamanho do vaso que não apresenta lesão. Relatados pela primeira vez em 1971, raros, encontrados em até 5% dos pacientes, sendo diagnosticados na sexta década de vida. Hipertensão arterial, diabetes, tabagismo e sexo masculino (3:1) são considerados principais fatores de risco. Quanto a etiologia, 50% está associada DAC,30% de etiologia congênita e 20% a doenças do tecido conjuntivo como doença de Kawasaki, sobretudo em crianças e mulheres.Os AC são classificados quanto ao tamanho, sendo fusiformes aqueles onde o comprimento é maior que o diâmetro transverso. A histologia está associada a depósitos de lipídios, ruptura da íntima, calcificação, hemorragia intramural, promovendo remodelação arterial. Afeta mais comumente a ACD (68%) e raramente o TCE (0,1%) e seus portadores podem se apresentar assintomáticos, com dor atípica, angina estável e até mesmo com SCA. O prognóstico do AC pode variar, com sobrevida de 71% em 5 anos. Não há ensaios clínicos que estabeleçam a melhor terapêutica, sendo o tratamento clínico, intervenção percutânea ou cirurgia são possibilidades. Na maioria dos casos, recomenda-se controle rigoroso dos fatores de risco cardiovascular (RCV) e o uso de antiagregantes plaquetários e anticoagulantes, podendo considerar o uso de vasodilatadores. O AC é uma condição rara e de manejo complexo, especialmente quando envolve o TCE. A ausência de diretrizes bem definidas e a variabilidade prognóstica, destaca a necessidade de maior investigação e estratégias terapêuticas baseadas em evidências. O controle rigoroso dos fatores de RCV e o acompanhamento clínico contínuo permanecem fundamentais para a gestão desses pacientes.
Palavras Chave
Anomalia Coronária; Síndrome Coronariana Aguda; Coronárias; tromboembolismo
Área
Doença arterial coronariana
Autores
Brunna Gaiao Carvalho Torres, Andre Gustavo Pontes Miranda, Hermilo Borba Griz, Andrea Virginia Ferreira Chaves, Daiane Pereira Arruda