Dados do Trabalho
Título
ESTUDO COMPARATIVO ENTRE OS ESTADOS DO NORDESTE BRASILEIRO SOBRE OS INTERNAMENTOS E MORTALIDADE POR DOENÇA CARDÍACA REUMÁTICA CRÔNICA ENTRE 2014 E 2023
Introdução
A doença cardíaca reumática crônica ou cardiopatia reumática crônica (CRC) é uma complicação importante da febre reumática (FR), doença inflamatória comum em crianças em faixa etária escolar, desencadeada pelo Streptococcus beta-hemolítico do grupo A de Lancefield. Essa doença é frequentemente associada à pobreza e às más condições de vida. Assim, as condições socioeconômicas de áreas de maior pobreza no Brasil, como o Nordeste, associadas ao precário acesso à saúde, fazem com que a CRC continue a ter um grande impacto para a saúde da população. Dessa forma, o objetivo deste trabalho é caracterizar o perfil epidemiológico de internamentos por CRC no Nordeste brasileiro nos últimos dez anos, comparar as taxas de mortalidade entre os estados e avaliar o impacto dessa doença evitável para a população da região.
Métodos
Trata-se de um estudo transversal, quantitativo, observacional e descritivo, tendo como embasamento dados obtidos a partir do departamento de informática do SUS (DATASUS), entre os anos de 2014 e 2023. A análise compara os dados referentes a sexo, raça/cor, faixa etária, bem como as taxas de mortalidade e distribuição geográfica de pacientes internados por doença cardíaca reumática crônica entre os estados do Nordeste do Brasil.
Resultados
Sergipe apresentou a maior taxa média de mortalidade, com 11.4%, e variações anuais que chegaram a 19.35% em 2020. Paraíba e Alagoas também se destacam com elevadas taxas de mortalidade (10.8% e 9.5% respectivamente) e grandes variações ao longo do período estudado. Os estados que apresentaram as menores taxas de mortalidade foram Piauí e Pernambuco, cujas taxas demonstraram médias de 3.8% e 5.4%, respectivamente, ambos com pouca variação entre os anos. A maioria dos casos se concentra entre 20-59 anos, indicando que adultos jovens e de meia-idade são os mais afetados. Os estados com maior número de casos pediátricos (<1 ano a 14 anos) foram Pernambuco (75 casos) e Bahia (65 casos), destacando a necessidade de atenção nessa faixa etária. A distribuição por sexo foi relativamente equilibrada, com uma leve predominância de casos em mulheres em todos os estados totalizando 58,77% do total. A distribuição por cor/raça evidenciou a maioria dos casos reportados entre indivíduos pardos (47,85%). No entanto, a quantidade significativa de casos em que a cor/raça não foi identificada (39,5%) pode comprometer a avaliação sobre a distribuição epidemiológica nesse aspecto.
Discussão/Conclusão
Sergipe, Alagoas e Paraíba necessitam de maior atenção devido às altas taxas de mortalidade. A doença afeta principalmente adultos jovens e de meia-idade, com uma leve predominância em mulheres. Os dados de distribuição por cor/raça evidenciaram necessidade de melhor caracterização dos pacientes. Dessa forma, estratégias de prevenção e tratamento devem ser intensificadas nesses estados para reduzir a mortalidade e melhorar a qualidade de vida dos pacientes porventura infectados pelo Streptococcus pyogenes.
Palavras Chave
cardiopatia reumática; febre reumática; perfil epidemiológico; mortalidade
Área
Cardiologia clínica
Instituições
Centro Universitário Maurício de Nassau - Pernambuco - Brasil, Faculdade Pernambucana de Saúde - Pernambuco - Brasil
Autores
Sady Lucas Farias de Araújo Filho, Beatriz Lima de Carvalho, Camilla Lins de Oliveira, Maria Eduarda Ferreira Cabral, Reginaldo Peixoto de Melo Neto