32º Congresso Pernambucano de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS INTERNAÇÕES E ÓBITO HOSPITALAR POR CARDIOPATIA REUMÁTICA CRÔNICA NO ESTADO DE PERNAMBUCO

Introdução

A febre reumática (FR) é uma doença inflamatória resultante de resposta imune tardia após faringite por estreptococo beta-hemolítico do grupo A, o Streptococcus pyogenes. Esta bactéria gram-positiva tem a proteína M como principal fator de virulência. A inflamação cardíaca na FR ocorre devido à reação cruzada entre a proteína M e proteínas cardíacas, como miosina e queratina, gerando anticorpos que atacam as túnicas pericárdio, miocárdio e endocárdio. A cardiopatia reumática crônica (CRC), a sequela mais grave da FR, afeta 40 milhões de pessoas no mundo e causa cerca de 300.000 mortes anuais. A CRC é caracterizada por lesões valvares e impacta principalmente a valva mitral.
A FR é mais comum em crianças e adultos jovens e é associada a condições socioeconômicas precárias, sendo um problema crítico de saúde pública, especialmente nos países em desenvolvimento. O diagnóstico é clínico e requer confirmação de infecção estreptocócica.

Métodos

Este estudo visa traçar o perfil epidemiológico e temporal dos pacientes internados por Doença Cardíaca Reumática em Pernambuco nos últimos 5 anos (janeiro de 2020 - junho de 2024). Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo, retrospectivo e transversal, de caráter quantitativo, que utilizou dados da base DATASUS para analisar internações e óbitos por Cardiopatia Reumática Crônica em Pernambuco de janeiro de 2020 a junho de 2024. Foram consideradas variáveis do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), incluindo total de internações e óbitos, sexo, faixa etária e período de internação. Por se basear em dados públicos, a pesquisa não exigiu análise por um Comitê de Ética.

Resultados

Nos últimos 5 anos (2020-2024), houve 31.808 internações por CRC no Brasil, com o Nordeste somando 10.626 casos, cerca de um terço do total. Pernambuco foi o segundo estado da região, com 22,6% das internações. As mulheres representaram 58,62% (n=1414) das internações e 68,1% (n=79) dos óbitos, com mortalidade acima da média estadual. Entre 0 e 19 anos, ocorreram menos internações (F=51, M=68), mas maior mortalidade masculina (2,9% vs. 1,9%). Entre 20 e 39 anos, internações femininas cresceram 545% e masculinas 262%, com mortalidade ligeiramente maior nos homens (2,2% vs. 2,15%). Na faixa de 40 a 59 anos, que soma 44,2% das internações, as mulheres apresentaram mais casos e maior mortalidade (5,11% vs. 3,14%), além de maior tempo de internação (F=10,25 dias, M=9,45 dias). Entre 60 e 79 anos, a mortalidade feminina foi superior ao dobro da masculina (9,7% vs. 4,4%), com maior tempo médio de internação (F=10,15 dias, M=9,25 dias).

Discussão/Conclusão

A comparação dos dados de internações e óbitos por cardiopatia reumática crônica sugere maior suscetibilidade feminina à descompensação cardíaca, com taxas de mortalidade e internações mais longas, especialmente na faixa etária entre 40 e 79 anos. Esses achados reforçam a necessidade de estratégias de saúde pública específicas para cada sexo, considerando as diferenças na manifestação e nos desfechos da doença.

Palavras Chave

Epidemiologia clínica; internamento hospitalar; cardiopatia reumática; faixa etária; óbito

Área

Cardiologia clínica

Autores

André Lopes Lacerda Sales, Ellen Larissa da Silva Guedes, Igor Domenici de Castro Machado Lanna, Marina Moura Maciel , Augusto Pessoli Frizzo