Dados do Trabalho
Título
INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO COM SUPRADESNÍVEL DO SEGMENTO ST POR ÊMBOLO CORONÁRIO SEM EVIDÊNCIA ATEROSCLERÓTICA: RELATO DE CASO
Introdução
Admite-se que o percentual de embolia arterial como parte do mecanismo de infarto agudo do miocárdio com supradesnível do segmento ST (IAMCSST) varia de 3 a 13% dos casos na literatura envolvendo angiografia e autópsia. Os êmbolos coronários trombóticos podem ocorrer devido a fatores que predispõem um estado de hipercoagulabilidade, como valvulopatias. O objetivo deste trabalho é relatar o diagnóstico e manejo de uma paciente com infarto agudo do miocárdio (IAM) por êmbolo coronário sem evidências ateroscleróticas na angiografia coronariana.
Descrição do caso
Mulher, 61 anos, hipertensa, encaminhada a um serviço terciário de cardiologia referindo lombalgia, sudorese excessiva, dor torácica possivelmente cardíaca iniciada há 06 horas da admissão, associada a vômitos e dispneia em repouso. Negava tabagismo e etilismo. Realizou eletrocardiograma, que evidenciou supradesnível do segmento ST nas derivações V1-V6, DII, DIII e aVF. Dosagem de troponina ultrassensível > 180.000 ng/mL. Procedeu-se com intubação orotraqueal devido ao desenvolvimento de edema agudo de pulmão. Foi realizado cateterismo cardíaco de urgência, evidenciando artéria descendente anterior (ADA) de bom calibre, totalmente ocluída no terço médio, com imagens sugestivas de embolismo. Seguiu-se com angioplastia transluminal de ADA. A cineangiocoronariografia de controle evidenciou fluxo distal satisfatório com embolização distal de trombos. Optou-se por não realizar novas aspirações por se tratar da porção distal e fina da artéria. Após melhora do quadro, foi admitida em enfermaria. Um cateterismo cardíaco voltado para estudo de coronária esquerda foi realizado após 7 dias do evento, visualizando-se ADA de bom calibre, com lesão discreta em terço distal. Cateterismos cardíacos e ultrassonografia com dopplerfluxometria de artérias carótidas sem sinais de placas ateromatosas.
Discussão/Conclusão
EAC é uma causa rara de IAMCSST, já que há evidências angiográficas de doença arterial coronariana obstrutiva em 90% dos pacientes com IAM, o que ressalta a importância de placas ateroscleróticas na patogênese do IAM. Casos como o descrito acima são provavelmente subestimados na literatura. O diagnóstico de IAM por embolia arterial coronariana baseado em características angiográficas e clínicas permanece desafiador. Segundo os critérios propostos por Shibata et. al., a paciente do caso relatado é devidamente diagnosticada, uma vez que preenche um critério maior (evidência angiográfica de embolia arterial coronariana sem componentes ateroscleróticos) e dois critérios menores: estenose <25% na angiografia coronária e presença de fatores de risco (valvulopatia reumática e história de cirurgia cardíaca). Medidas baseadas na correção dos fatores de risco e na compreensão dos mecanismos envolvidos na formação do trombo mostram-se importantes para que novos eventos tromboembólicos sejam evitados nos pacientes.
Palavras Chave
Infarto; tromboembolismo; angiografia; aterosclerose; hipercoagulabilidade
Área
Doença arterial coronariana
Instituições
Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco - Pernambuco - Brasil, Pronto Socorro Cardiológico de Pernambuco - Pernambuco - Brasil
Autores
Davi Mendes Luna, Lorenna Andressa Batista Zacarias, Jonas Lopes Silva, Renan Camilo Braga, Isly Maria Lucena Barros