32º Congresso Pernambucano de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DA MORTALIDADE POR HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA EM PERNAMBUCO ANTES E DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19: UM ESTUDO ECOLÓGICO

Introdução

A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é um problema de saúde pública devido a sua alta taxa de mortalidade. A sua intensificação, durante a pandemia da Covid-19, pode estar associada a limitação do acesso aos serviços de saúde. Desse modo, o conhecimento do perfil epidemiológico dos pacientes acometidos tem fundamental importância para compreender a mortalidade por HAS antes e durante a pandemia da Covid-19.

Métodos

Trata-se de um estudo ecológico de série temporal com coleta de dados no Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS) vinculado ao DATASUS. As variáveis foram óbitos em Pernambuco devido a HAS. O período foi de 2019, ano do primeiro caso de Covid-19 no Brasil, a 2022, ano que antecedeu o fim da emergência de saúde pública pela Organização Mundial de Saúde, resultando em 4 anos. Para fins comparativos, o período pré-pandemia foi de 2015 a 2018, resultando também em 4 anos.

Resultados

Constatou-se que durante o período, ocorreram 475 óbitos por HAS. A pré-pandemia abarcou 218 (45,9%) óbitos, enquanto a pandemia 257 (54,1%). 2019 foi o ano de pico, com 74 (15,57%) e 2015 foi o ano com a menor quantidade, somando 47 (9.9%) mortes. Ocorreram mais óbitos antes e durante a pandemia em pessoas acima de 80 anos, com 65 e 88 mortes, respectivamente. Entretanto, a faixa etária com o maior aumento percentual de óbitos, foi entre 50-59, representando um aumento de 86,36% comparando a pré-pandemia com a pandemia. Em relação ao sexo, na pré-pandemia, ocorreram 132 (60,55%) óbitos de mulheres e 86 (39,44%) óbitos de homens. Na pandemia, 142 (55,25%) óbitos eram do sexo feminino, enquanto 115 (44,7%) eram do sexo masculino. Antes e durante a pandemia ocorreram mais óbitos em pessoas pardas, num total de 129 (59,17%) e 171 (66,53%), respectivamente. Por mais que a macrorregião metropolitana abarcasse a maior quantidade de casos (270 óbitos), durante todo o período do estudo, observou-se um aumento de apenas 9,3%, comparado com um aumento de 30,3% nas demais macrorregiões de saúde (205 óbitos).

Discussão/Conclusão

Observou-se um acréscimo de óbitos por HAS de 17,8% durante a pandemia em relação à pré-pandemia. Além disso, o ano com a menor quantidade foi no período de pré-pandemia e o de maior quantidade durante a pandemia. A faixa etária com maior aumento percentual de óbitos foi entre 50-59, o que pode estar relacionado ao fato de pessoas nessa faixa etária não terem mantido total isolamento social quando comparado a pessoas com 80 anos ou mais. Quanto ao sexo e a cor, o maior número de óbitos por HAS foi em pessoas do sexo feminino e pardas, o que pode se relacionar com o maior risco cardiovascular desses pacientes. Houve, também, um maior aumento percentual de óbitos nas macrorregiões não metropolitanas, o que possivelmente se relaciona com o menor acesso aos serviços de saúde durante a pandemia quando comparado a macrorregião metropolitana. O presente estudo apresenta limitações, como a subnotificação e a impossibilidade de associação de causa e efeito.

Palavras Chave

Covid-19; Doenças Cardiovasculares; Epidemiologia; Hipertensão arterial sistêmica; mortalidade

Área

Hipertensão Arterial Sistêmica, MAPA e MRPA

Instituições

AFYA Faculdade de Ciências Médicas de Jaboatão dos Guararapes - Pernambuco - Brasil, Autarquia de Ensino Superior de Arcoverde - Pernambuco - Brasil, Faculdade Pernambucana de Saúde - Pernambuco - Brasil

Autores

CLEO SOUSA MARTINS, JADE SOUZA MARTINS, LUIZ CARLOS BALBINO AGUIAR, PEDRO HENRIQUE DE ARAUJO