32º Congresso Pernambucano de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

Mortalidade neonatal e pós-neonatal associada às cardiopatias congênitas cianogênicas: estudo de séries temporais

Introdução

As cardiopatias congênitas cianóticas, como Tetralogia de Fallot (T4F), Transposição de Grandes Artérias (TGA) e Atresia Tricúspide (AT), apresentam elevada mortalidade e constituem um desafio na cardiologia pediátrica, com mais de 40% dos recém-nascidos afetados necessitando de cirurgia no primeiro ano de vida. Este trabalho objetiva analisar as taxas de mortalidade neonatal e pós-neonatal dessas malformações no Brasil, no intervalo de 2013 a 2022, a fim de contribuir com o aperfeiçoamento do manejo dessas cardiopatias.

Métodos

Estudo epidemiológico descritivo que envolve a análise de séries temporais do número de óbitos pelas três cardiopatias congênitas cianogênicas mais comuns no âmbito do sistema único de saúde (T4F, TGA e AT) no período de 2013-2022. Os dados foram extraídos do sistema de informações sobre mortalidade do SUS. A variação percentual anual (VPA) média do número de óbitos foi estimada através de uma regressão linear generalizada de Prais-Winsten.

Resultados

Durante o período de 2013 a 2022, foram registrados 1.333 óbitos por T4F, 906 por TGA e 236 por AT. A variação percentual anual média do número de óbitos por T4F em crianças menores de 7 dias foi de 2,121% [IC95% = -0,205%, 4,500%] (p-valor = 0,074). Para crianças entre 7 e 27 dias, a variação foi de 1,770% [IC95% = -4,967%, 8,984%] (p-valor = 0,573). Na faixa de 28 dias a 1 ano, a variação foi de -1,606% [IC95% = -5,248%, 2,175%] (p-valor = 0,355). Por outro lado, para os óbitos por TGA em menores de 7 dias, essa variação foi de -7,830% [IC95% = 3,982%, 11,524%] (p-valor = 0,002). Em crianças entre 7 e 27 dias, a variação foi de -7,126% [IC95% = 1,656%, 12,291%] (p-valor = 0,021). Já naqueles com 28 dias a 1 ano, observou-se uma variação de -12,199% [IC95% = 4,985%, 18,865%] (p-valor = 0,007). Finalmente, em relação aos óbitos por AT, essa variação para menores de 7 dias foi de -7,491% [IC95% = -7,307%, 20,249%] (p-valor = 0,266). Para crianças entre 7 e 27 dias, a variação foi de -6,873% [IC95% = -7,626%, 19,419%] (p-valor = 0,300). Na faixa de 28 dias a 1 ano, a variação foi de -9,242% [IC95% = 1,253%, 16,586%] (p-valor = 0,033).

Discussão/Conclusão

Os óbitos por T4F se mantiveram estáveis. Na TGA, houve uma redução significativa da mortalidade em todas as faixas etárias, mais evidente na faixa entre 28 dias e 1 ano. E, no caso da AT, houve uma redução significativa entre a faixa de 28 dias a 1 ano. Essa redução nas taxas de óbito no intervalo analisado acompanha o período de recomendação e posterior obrigação legal de incorporação do teste da oximetria de pulso no programa nacional de triagem neonatal. Além disso, reflete avanços tanto no diagnóstico intraútero, quanto no manejo das cardiopatias congênitas no período neonatal e pós-neonatal, o que reduz possíveis comorbidades e a morbimortalidade destes pacientes acometidos.

Palavras Chave

malformação congênita; Morbimortalide; Epidemiologia

Área

Cardiologia pediátrica

Instituições

Faculdade de Medicina de Olinda - Pernambuco - Brasil, Faculdade Pernambucana de Saúde - Pernambuco - Brasil, Universidade Federal de Pernambuco - Pernambuco - Brasil

Autores

Beatriz Barbosa Accioly, Gustavo Costa Holanda, Sabrina Giovana Cavalcanti Lucas, Emanuel Davi Lima de Matos Leão, Giovanna Nóbrega Leandro, João Lucas Vitorino Prazeres, Jesumira Lima Bezerra, Artur de Oliveira Macena Lôbo, Andréa Bezerra de Melo da Silveira Lordsleem