Dados do Trabalho

Título

O IMPACTO DA COVID-19 NA MORBIDADE E MORTALIDADE DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA NAS REGIÕES NORTE E NORDESTE DO BRASIL- UMA ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA.

Introdução

A COVID-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2, provoca diversos sintomas que variam de gripais a graves, como a síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA). Esse vírus não apenas afeta o sistema respiratório, mas também tem uma relação significativa com o sistema cardiovascular. A interação entre a COVID-19 e doenças cardiovasculares pode agravar essas condições, levando a um desequilíbrio progressivo entre a demanda metabólica e a capacidade cardíaca, o que pode culminar na insuficiência cardíaca (IC). Este estudo visa explorar o impacto da COVID-19 na morbidade e mortalidade associadas à IC, com foco nas regiões norte e nordeste do Brasil, oferecendo uma análise epidemiológica para avaliar as implicações regionais dessa pandemia.

Métodos

Estudo epidemiológico descritivo, transversal e quantitativo, desenvolvido a partir de dados secundários obtidos do departamento de informática do Sistema Único de Saúde do Ministério da Saúde (DATASUS/MS) de janeiro de 2018 a dezembro de 2023, considerando o período pré-pandêmico 2018 e 2019, pandêmico 2020 e 2021 e pós-pandêmico, 2022 e 2023.

Resultados

A análise dos dados revelou 113.104 casos de insuficiência cardíaca no período pré-pandemia. Durante a pandemia foram registrados 89.953 casos e após a pandemia um aumento para 118.599 casos. A região Nordeste apresentou uma prevalência consistentemente maior de novos casos em comparação com a região Norte, totalizando 255.500 casos contra 66.156 casos, respectivamente. Em relação à faixa etária, observou-se um aumento significativo de casos entre 50 e 59 anos (50.532 casos) em comparação com a de 40 a 49 anos (26.017 casos). Quanto aos óbitos, foram identificados 12.717 pré-pandemia, 11.226 durante a pandemia, e 13.895 no pós-pandemia, representando um aumento de 9,25% entre os períodos pré e pós-pandêmico. Em relação às regiões, o nordeste também foi o mais acometido com vítimas fatais de IC, cerca de 29.805 óbitos. O sexo masculino foi o mais afetado, com 52,9% dos óbitos, e a maioria dos óbitos ocorreu na população parda, com idade predominante de 80 anos ou mais, seguido pela faixa etária de 70 a 79 anos.

Discussão/Conclusão

O estudo revelou uma redução no número de novos casos de IC, bem como de óbitos, durante a pandemia de COVID-19, em comparação com o período pré-pandemia, seguida por um aumento no pós-pandemia. Observou-se também que a região Nordeste apresentou uma prevalência maior de novos casos e óbitos por insuficiência cardíaca em comparação com a região Norte. No entanto, a maior população da região Nordeste pode explicar, em parte, essa discrepância numérica. É crucial investigar se a qualidade dos diagnósticos foi comprometida durante a pandemia, considerando que os diagnósticos de diversas doenças foram afetados. Futuras pesquisas devem explorar se essas variações refletem mudanças reais na incidência e mortalidade da insuficiência cardíaca ou se são consequência de possíveis mudanças no diagnóstico durante o tempo pandêmico.

Palavras Chave

Insuficiência Cardíaca; Covid-19; Morbimortalide; Doenças Cardiovasculares