Dados do Trabalho
Título
DOENÇA ATEROSCLERÓTICA DIFUSA EM PACIENTE JOVEM USUÁRIO DE COCAÍNA: RELATO DE CASO
Introdução
A doença coronariana aguda é uma entidade rara na população jovem, com prevalência de 1% em pessoas com menos de 40 anos e de 5 a 10% em pessoas com menos de 50 anos, em que a principal causa é à doença aterosclerótica.
Descrição do caso
Paciente, sexo masculino, 35 anos, hipertenso, apresentou quadro de dor torácica típica, sendo transferido para emergência cardiológica e realizado eletrocardiograma com evidência de ritmo sinusal, eixo cardíaco preservado e ausência de sinais de isquemia aguda, associado a troponina quantitativa 7.482 ng/ml (valor de referência: inferior a 32 ng/ml). Nesse contexto, foi transferido para enfermaria de coronariopatia para seguimento e durante a investigação, o paciente relatou que fez uso de cocaína durante 2014 a 2020 e que já havia apresentado quadro de dor torácica anteriormente, com internamento em 2014. Assim, foi observado em resumo de alta hospitalar, eletrocardiograma com supradesnivelamento do segmento ST de parede ântero-septal e marcadores de necrose miocárdica alterados. Contudo, não foi realizado cateterismo cardíaco, e esse quadro de dor torácica atribuído a vasoespasmo por uso de cocaína. Durante este internamento, foi realizada angiotomografia de coronárias, visto paciente jovem e com baixo risco cardiovascular, sendo inclusive aventado a hipótese de miocardite, optando-se por uma estratégia menos invasiva para estratificação. Como resultado, foi observado lesão severa na artéria descendente anterior (ADA), mas inconclusiva quanto às demais artérias, devido a artefatos na imagem. Dessa forma, para confrontar o resultado do exame de imagem e visto que o paciente encontrava-se assintomático foi solicitado teste ergométrico, em que o paciente não apresentou dor torácica ou qualquer outra alteração, alcançando 10 múltiplos equivalentes metabólicos (MET´s) no esforço. Com esses dados conflitantes e para definição diagnóstica, optou-se por realizar cateterismo cardíaco, que evidenciou lesão oclusiva em ADA anterior na sua origem, artéria circunflexa ocluída em terço proximal e lesões severa em coronária direita, artéria ventricular posterior e artéria descendente posterior. Assim, discutido com equipe de coronariopatia e optado por seguimento clínico rigoroso associado a terapia medicamentosa, já que o mesmo segue assintomático desde a admissão hospitalar.
Discussão/Conclusão
Como descrito em diversos estudos, a doença arterial coronariana no jovem é uma entidade rara, apesar do aumento de sua incidência na atualidade. No caso descrito, o paciente apresenta fator de risco para eventos agudos, como o uso da cocaína, concomitante a doença aterosclerótica difusa e multiarterial, observada em uma população mais idosa e com outro perfil de fatores de risco. A relevância da doença aterosclerótica nas síndromes coronarianas agudas é de extrema importância e apesar da idade do paciente é fundamental a exclusão dessa etiologia.
Palavras Chave
Doenças Cardiovasculares; Síndrome Coronariana Aguda; Coronárias; Jovens; Cocaína
Área
Doença arterial coronariana
Instituições
UPE/PROCAPE - Pernambuco - Brasil
Autores
BRUNO MARIANO RIBEIRO GARCIA de MEDEIROS, Maria Juliana de ARRUDA Queiroga, Jessica de Souza Leão Silva, Rosana Rodrigues Moreira Eloi, Sérgio Tavares Montenegro