32º Congresso Pernambucano de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

Cirurgia de Revascularização do Miocárdio com ou sem Circulação Extracorpórea: Um Estudo Transversal

Introdução

A cirurgia de revascularização miocárdica (CRM) usa enxertos para superar áreas lesadas, podendo ser utilizada ou não a circulação extracorpórea (CEC). Como observa-se na literatura, apesar da maior visibilidade e estabilidade operacional proporcionada pela instalação da CEC, há morbimortalidade associada ao seu uso. Nesse contexto, a realização da CRM sem CEC apresenta-se como uma possibilidade de menores riscos e garante melhor recuperação pós-operatória. Logo, a comparação entre essas duas técnicas na CRM visa avaliar suas eficácias e complicações, a fim de fornecer informações para respaldar a decisão médica visando o bem-estar do paciente.

Métodos

Este é um estudo transversal conduzido em um hospital terciário. A população do estudo é composta de pacientes adultos submetidos à CRM independentemente da indicação. Os dados demográficos e clínicos dos pacientes foram obtidos pela consulta ao prontuário eletrônico, a partir dos quais foram divididos nos grupos que realizaram a cirurgia com CEC (CCEC) e sem CEC (SCEC). A análise estatística foi realizada pelo software SPSS 26 e valores-p < 0,05 foram considerados estatisticamente significativos.

Resultados

Foram analisados dados de 228 pacientes, sendo 166 (72,8%) homens. A idade média foi 64,6 anos. Sobre o perfil de risco cardiovascular, 219 (96,1%) eram hipertensos, 132 (57,9%) diabéticos e 167 (73,2%) dislipidemicos. Do total, 181 pacientes (79,4%) formaram o CCEC e 7 (3,1%) das CRM foram reintervenções. O número de enxertos usados foi de maioria 2 em ambos os grupos [CCEC: 90(49,7%) / SCEC: 31(66,0%)], sem diferença significativa entre eles (p = 0,963). A prevalência de infecção pós-operatória foi maior no SCEC [CCEC: 25 (13,8%) / SCEC: 9 (19,1%)], mas sem significância estatística (p = 0,376). A prevalência de arritmias pós-operatória foi maior no CCEC [CCEC: 32 (17,7%) / SCEC: 8 (17,0%)] e dessas, 82,5% fibrilação atrial, 10,0% flutter atrial e 25,0% outras, mas sem significância (p = 0,912). A mediana do tempo de internação foi, em ambos os grupos, de 7 dias, sem diferença significativa (p = 0,779). O CCEC apresentou maior prevalência de óbito durante a cirurgia ou internação pós-operatória [CCEC: 4 (2,2%) / SCEC: 2 (4,3%)], porém sem demonstrar significância estatística (p = 0,607).

Discussão/Conclusão

Em relação ao risco cardiovascular, notou-se alta prevalência de pacientes com hipertensão, dislipidemia e diabetes em ambos os grupos, como esperado. Foi prevalente o uso da CEC, reflexo de ser uma técnica consagrada de grande domínio por cirurgiões. Com base nos resultados obtidos, não houve variação estatisticamente significante das variáveis de complicações pós-operatórias ou de óbito durante/após a cirurgia com e sem CEC, permitindo inferir que o uso da técnica sem a CEC é segura, de resultados a curto prazo comparáveis à com CEC. Assim, a CRM, se realizada por cirurgiões com domínio, pode ser realizada com ou sem o auxílio da CEC, se optando pela técnica mais adequada ao caso.

Palavras Chave

Coronárias; Pós-operatório; Enxerto; CEC

Área

Cirurgia Cardíaca

Instituições

Real Hospital Português - Pernambuco - Brasil, Universidade Federal de Pernambuco - Pernambuco - Brasil

Autores

Cleyton Tenório de Lima, Ricardo Jose Cavalcanti Amorim Martins, Altair Gustavo Saura Martins, Emanuel Victor Batista Wanderley, Artur de Oliveira Macena Lôbo, Gustavo Costa Holanda, Beatriz Barbosa Accioly, Edmilson Cardoso dos Santos Filho, Fernando Ribeiro de Moraes Neto