32º Congresso Pernambucano de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

Além das batidas: Doença Intersticial Pulmonar e Amiodarona – Um relato de caso

Introdução

A Amiodarona, antiarrítmico de classe III, destaca-se no controle de arritmias graves, contribuindo para a redução da morbimortalidade cardiovascular associada. No entanto, apesar dos benefícios terapêuticos, é notória por seus efeitos colaterais, particularmente a
toxicidade pulmonar. A doença intersticial pulmonar (DIP) induzida pela amiodarona é uma complicação potencialmente grave e, em muitos casos, subestimada. Provoca inflamação e cicatrização do tecido pulmonar intersticial, com apresentação variando de infiltrações pulmonares assintomáticas detectadas em exames de imagem à fibrose pulmonar progressiva com comprometimento funcional significativo³.

Descrição do caso

Idoso, 102 anos, acompanhado em ambulatório de cardiologia devido Insuficiência Cardíaca (IC) com Fração de Ejeção Reduzida de etiologia isquêmica, com revascularização por angioplastia há 10 anos e episódio de síndrome coronariana aguda (SCA) sem supradesnivelamento do segmento ST (SST) em 2022. Foi internado por novo evento anginoso, infarto agudo do miocárdio sem SST, com alteração de marcadores de necrose miocárdica e cateterismo que evidenciou oclusão do stent prévio. Durante a internação apresentou instabilidade hemodinâmica com Taquicardia Ventricular Sustentada (TVS), necessitando de cardioversão elétrica. Apresentou boa evolução e foi submetido à nova angioplastia do segmento acometido. Como medicações de manutenção, além das já utilizadas para IC e SCA, foi iniciado Amiodarona para controle de episódios de TVS, que chegaram a levar o paciente à emergência mesmo após revascularização.
O controle da arritmia se deu com Amiodarona na dose de 200 mg/dia e vinha em boa evolução clínica, até que iniciou sintomas de dispnéia sem características congestivas, tosse seca e fadiga. Como estava bem controlado do ponto de vista cardíaco, foi realizado TC de tórax, com alterações intersticiais em bases pulmonares. Considerando que o diagnóstico é de exclusão, que amiodarona pode levar a toxicidade pulmonar e não havia alterações prévias, foi levantada a hipótese. Após a suspensão da medicação, o paciente evoluiu com boa resposta clínica inicial, confirmando a suspeita diagnóstica.

Discussão/Conclusão

Este relato de caso visa destacar a importância do reconhecimento precoce e manejo adequado da DIP induzida pela amiodarona, enfatizando a necessidade de vigilância contínua e uma abordagem multidisciplinar no tratamento de pacientes com arritmias que
requerem terapia com amiodarona. A conscientização sobre esta associação pode melhorar significativamente os resultados clínicos e a qualidade de vida dos pacientes.

Palavras Chave

Amiodarona; Doença intersticial pulmonar

Área

Cardiologia clínica

Instituições

Unifacisa - Paraíba - Brasil

Autores

Tatyane Targino Morais, Emanuelle Fernandes de Paula, Víctor Arthur Eulálio Brasileiro