Dados do Trabalho
Título
Taxa de mortalidade após Revascularização Miocárdica com X sem Circulação Extracorpórea no Brasil: Comparação de casos entre 2013 e 2023
Introdução
O uso de circulação extracorpórea (CEC) durante a cirurgia de revascularização miocárdica (CRM) é foco de muita discussão. Enquanto a CEC pode trazer ativação da resposta inflamatória e instabilidade hemodinâmica, CRM sem CEC pode prejudicar a patência das
anastomoses e ter maiores índices de revascularização incompleta, elevando a morbimortalidade. Ainda não há evidência que comprove a superioridade de uma técnica sobre a outra com relação à mortalidade. Dois ensaios (BYPASS REGISTRY e REPLICCAR)
estão em desenvolvimento, objetivando criar um banco de dados de cirurgia cardiovascular no Brasil e poderão ajudar a esclarecer essa questão.
Métodos
Estudo realizado a partir de dados coletados do Sistema de Procedimentos Hospitalares do SUS, em Julho de 2024, na plataforma DATASUS, com o objetivo de comparar a taxa de mortalidade decorrente de CRM com e sem o uso de CEC, no contexto eletivo e de urgência, no período de 2013 a 2023 no Brasil.
Resultados
No Brasil, a taxa de mortalidade após CRM de 2013 a 2023 atingiu 5,68% (12.891 óbitos em 227.000 internações). Entre as CRM com CEC, a taxa de mortalidade nos procedimentos eletivos foi 4,88%, e 6,61% naqueles de urgência. Com relação às CRM sem CEC, as eletivas atingiram 2,33%, enquanto as de urgência registraram 4,88% de taxa de mortalidade. O gráfico 01 demonstra a distribuição dos dados.
Em análise estatística, utilizando "Teste t" para cálculo do valor de p associado ao coeficiente de correlação de Pearson houve significância apenas entre os cenários Eletivo com CEC e Urgência com CEC (p=0.009).
Discussão/Conclusão
Foi demonstrado que, de maneira constante, CRM com CEC apresentou maior taxa de mortalidade que as sem CEC. Apesar de apontar para uma associação entre essas variáveis, não se pôde estabelecer, estatisticamente, uma correlação direta entre elas, sugerindo a influência de outros aspectos. A exemplo, o caráter do procedimento, objeto de comparação, foi um fator que influenciou de forma significativa na taxa de mortalidade, sendo maior naqueles de urgência. Da mesma maneira, outras variáveis podem influenciar, sejam
relacionadas ao paciente - gravidade, condições prévias, uso de medicações - ou à cirurgia - número de enxertos, tempo de CEC, experiência da equipe.
Dessa forma, fica evidente a dificuldade em estabelecer a superioridade entre a CRM com ou sem CEC, o que deve motivar novos estudos a fim de determinar como fatores inerentes aos procedimentos estão associados à taxa de mortalidade após CRM.
Palavras Chave
Cirurgia de revascularização miocárdica; Circulação extracorpórea; Taxa de mortalidade
Área
Cirurgia Cardíaca
Instituições
Unifacisa - Paraíba - Brasil
Autores
Tatyane Targino Morais, Emanuelle Fernandes de Paula, Víctor Arthur Eulálio Brasileiro