32º Congresso Pernambucano de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

Sexo masculino e diabetes apresentam associação oposta com a presença de captação miocárdica de FDG em exames de PET/CT oncológicos

Introdução

Os avanços na terapia oncológica têm contribuído significativamente para o aumento na sobrevida de pacientes com câncer. Entretanto, complicações cardiovasculares do tratamento tornaram-se uma preocupação crescente. A Tomografia por Emissão de Pósitrons associada à Tomografia Computadorizada (PET/CT) com Fluordesoxiglicose F-18 (FDG) é amplamente utilizada no estadiamento tumoral e na avaliação de resposta terapêutica. Evidências emergentes sugerem que o FDG PET/CT poderia também ser útil na detecção precoce de alterações metabólicas cardíacas associadas à CTX e aos fatores de risco cardiovascular preexistentes. Objetivamos avaliar a associação entre a captação miocárdica de FDG e comorbidades cardiovasculares de pacientes oncológicos.

Métodos

Estudo transversal e retrospectivo onde foram incluídos pacientes oncológicos que realizaram exames de FDG PET/CT no período de janeiro a outubro de 2023. Os pacientes foram agrupados conforme a ausência (G1) ou presença (G2) de captação miocárdica de FDG e comparadas a comorbidades cardiovasculares. Considerada captação miocárdica significativa de FDG se maior do que o pool sanguíneo na aorta. Valor p<0,05 foi considerado estatisticamente significativo.

Resultados

Incluímos 848 pacientes, 546 (64,4%) femininos, média de idade 53,61 ± 16 anos, 311(36,7%) hipertensos, 161 (19%) diabéticos e 84 (9,9%) com dislipidemia. Os cânceres mais prevalentes foram linfoma (27,6%), mama (18,8%), melanoma (10,7%) e colo de útero (10%). Avaliação de resposta ao tratamento (43,3%), reestadiamento (22,6%), estadiamento (18,2%) e controle clínico (12,0%) foram as indicações para o exame. Cerca de 43% (364 pacientes) apresentaram captação miocárdica de FDG (G2). Na análise univariada, diabetes (21,6% x 15,3%, p=0,0205) foi mais frequente no G1, enquanto sexo masculino (29,1% x 44,23%, p<0,0001) foi mais prevalente no G2. Na análise por regressão logística, sexo masculino (OR:1,95; 95%CI:1,47-2,61, p<0,0001) foi fator de risco independente para presença de captação miocárdica de FDG, enquanto diabetes foi o único fator associado à ausência de captação (OR: 0,67; 95%CI: 0,08-0,72; p=0,00325).

Discussão/Conclusão

Em pacientes oncológicos que realizaram exames de FDG PET/CT, a captação miocárdica de FDG foi mais prevalente em homens e o diabetes foi preditor independente de ausência de captação. Desse modo, é possível sugerir que existem diferenças no comportamento glicolítico cardíaco de acordo com o gênero e a presença de diabetes. Essas diferenças podem estar envolvidas nos mecanismos miocárdicos de resposta metabólica à toxicidade ao tratamento oncológico.

Palavras Chave

Tomografia por Emissão de Pósitrons associada à Tomografia Computadorizada; Fluordesoxiglicose Fluor-18; Cardiotoxicidade

Área

Imagem Cardiovascular: Medicina Nuclear, Ressonância Nuclear Magnética e Tomografia Computadorizada

Instituições

Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco - Pernambuco - Brasil

Autores

João Marcelo Duarte Ribeiro Sobrinho, Emanuel Davi Lima de Matos Leão, Beatriz Barbosa Accioly, Roberto de Oliveira Buril , Felipe Alves Mourato, Monica de Moraes Chaves Becker, Simone Cristina Soares Brandão