Dados do Trabalho

Título

PERFIL CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO ATRELADO À QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES PORTADORES DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA ACOMPANHADOS EM UM HOSPITAL PÚBLICO DE RECIFE-PE

Introdução

No Brasil, a falta de investimento em saúde propicia inúmeros processos fisiopatológicos que favorecem o desenvolvimento da IC. A qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) é multidimensional e apresenta três pilares principais: funções física, psicológica e social. Logo, o uso de instrumentos para avaliar a QVRS na IC torna-se de crescente importância no contexto atual. O Kansas City Cardiomyopathy Questionnaire (KCCQ) é um instrumento com boa sensibilidade quando comparado a outros já consolidados, bem como o Minnesota living with Heart Failure Questionnaire (MLHFQ) que também já é um questionário amplamente consolidado na literatura mundial com validação no Brasil.

Métodos

Este trabalho objetiva avaliar a QVRS dos pacientes portadores de IC acompanhados no ambulatório de clínica médica de um hospital público de Recife-PE. O estudo teve perfil observacional transversal, de cunho quantiqualitativo e caráter retrospectivo. Foram aplicados 3 questionários durante 6 meses (junho a novembro): a versão validada em português do KCCQ e do MLHFQ para avaliação de qualidade de vida, e um questionário elaborado pelo investigador para completar dados clínico-epidemiológicos. A amostra foi do tipo não probabilístico, contemplando 39 pacientes, seguindo os critérios de inclusão: pacientes > 18 anos, portadores de IC, acompanhados pelo serviço em questão e sem internamento por descompensação da doença de base nos últimos 03 meses; paciente com ECOTT evidenciando anomalia cardíaca estrutural e/ou funcional. Critérios de exclusão: paciente sem diagnóstico confirmado de IC por ECOTT; pacientes com limitação cognitiva que impeça aplicação adequada dos questionários e internamento por descompensação da IC nos últimos 03 meses. A entrevista ocorreu após consulta habitual com assinatura do TCLE.

Resultados

Participaram do estudo 39 pacientes, sendo 79% acima de 60 anos, 51% do sexo feminino. 36% eram casados/viviam em união estável, 59% possuíam baixa escolaridade e 74% com renda de até 01 salário-mínimo (Classe E). Houve prevalência de ICFEr (68%), etiologia hipertensiva (92%) e IMC > 25 (72%). As comorbidades mais prevalentes foram hipertensão (92%), dislipidemia (62%) e diabetes (59%). Com relação aos hábitos de vida, 64% referiram ser sedentários, 54% ex-etilistas e 51% ex-tabagistas. A média do KCCQ foi 55 pontos com 13% enquadrados com QVRS muito ruim a ruim e 36% de ruim a moderada. Já o escore de MLHFQ apresentou média de 44 pontos com 56% da população com QVRS ruim. Houve menor prevalência do sexo feminino em QVRS de boa a excelente.

Discussão/Conclusão

Observou-se uma maior prevalência de população idosa, com baixa escolaridade e uma renda mensal inferior a um salário mínimo, refletindo em uma média de percepção de QVRS inferior ao encontrado em literatura nacional e internacional. Fatores como sintomatologia, limitação cognitiva, baixa renda e sedentarismo se apresentaram como variáveis associadas a uma pior percepção da QVRS.

Palavras Chave

CARDIOLOGIA; Insuficiência Cardíaca; Qualidade de Vida; Tratamento; Epidemiologia clínica