32º Congresso Pernambucano de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

Levantamento da qualidade de vida dos pacientes com insuficiência cardíaca acompanhados pelo ambulatório de um centro público de Pernambuco

Introdução

A OMS define qualidade de vida como a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive. A qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) é uma construção multidimensional que apresenta três pilares principais: função física, psicológica e social, que podem ser afetadas pela doença ou tratamento. A QVRS em doentes com IC está reduzida em relação à população geral e causa um prejuízo maior do que outras doenças crônicas, estando equiparada a doenças oncológicas. Depressão e incapacidade na função social têm um grande impacto na vida desse grupo de doentes. Além disso, existem poucos estudos nacionais sobre a temática, sendo necessário maiores investigações sobre a temática.

Métodos

Este estudo teve perfil observacional transversal e cunho quantiqualitativo, realizado com pacientes portadores de IC acompanhados por um hospital público de Pernambuco. A aplicação de questionários foi realizada de Junho a Novembro de 2023, após a consulta habitual em ambulatório, com assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). Foram aplicados 3 instrumentos: a versão validada em português do KCCQ e do MLHFQ para avaliação de qualidade de vida, e um questionário voltado a dados clínico-epidemiológicos. Os questionários KCCQ e MLHFQ são utilizados para avaliar a QVRS de pacientes com IC no atendimento ambulatorial e foram escolhidos por apresentarem boa confiabilidade (análise teste/reteste) e responsividade às alterações clínicas. A amostra conta com 39 pacientes, seguindo os critérios de inclusão: pacientes maiores de 18 anos, portadores de IC, acompanhados pelo serviço em questão e sem internamento por descompensação da doença de base nos últimos 03 meses; ECOTT evidenciando anomalia cardíaca estrutural e/ou funcional. Critérios de exclusão: paciente sem diagnóstico confirmado de IC por ECOTT; limitação cognitiva que impeça aplicação adequada dos questionários.

Resultados

A média do KCCQ nessa população foi de 55 pontos sendo 13% dos participantes enquadrados em uma QVRS muito ruim a ruim e 36% de baixa a moderada. Ainda, 11 pacientes, representando 28% da amostra, obtiveram QVRS boa a excelente, enquanto 9 (23%) pontuaram QVRS moderada a boa. Já o escore de MLHFQ apresentou média de 44 pontos, com a maioria dos entrevistados com QVRS enquadrada como ruim, constituindo 56% da amostra. Por conseguinte, 31% da amostra obtiveram uma boa QVRS e 13% moderada.

Discussão/Conclusão

Foi observado que os resultados desse estudo foram refletidos em uma média de percepção de QVRS inferior ao encontrado em literatura nacional. Os achados do estudo permitiram inferir possíveis associações entre as condições sociodemográficas prevalentes no Brasil e sintomatologia clínica com a QVRS de pacientes com IC. Também, a prevalência de escores indicativos de QVRS ruim ou moderada em ambos os questionários sugere a necessidade de intervenções direcionadas para melhorar o manejo da IC e o suporte oferecido ao paciente.

Palavras Chave

CARDIOLOGIA; Insuficiência Cardíaca; Qualidade de Vida

Área

Cardiologia clínica

Instituições

Hospital Maria Lucinda - Pernambuco - Brasil

Autores

Lívia Leandro Pereira, Weslley Jonathan Penha, Luana Sousa Rebouças, Luiz Oliveira Neto