Dados do Trabalho
Título
Cardiotoxicidade em pacientes oncológicos: relato de caso de arritmias associadas à quimioterapia e radioterapia.
Introdução
As antraciclinas (AC) são quimioterápicos amplamente utilizados no tratamento do câncer de mama. No entanto, sua cardiotoxicidade, frequentemente manifestada como disfunção ventricular esquerda e arritmias, limita seu uso, apesar da eficácia oncológica. A radioterapia (RTx), especialmente em associação com AC, também pode causar alterações cardíacas estruturais e de condução. O acompanhamento de uma equipe multidisciplinar durante e após o tratamento oncológico é essencial para prevenir danos cardiovasculares.
Descrição do caso
Mulher, 44 anos, foi submetida à quimioterapia com AC para tratamento de câncer de mama direita em 2022 e, em 2023, necessitou de 15 sessões de RTx para tratar o câncer na mama contralateral, além de realizar mastectomia bilateral. Em 2022, um mês após iniciar a quimioterapia, foi ao ambulatório de Cardiologia relatando pré-síncope, sudorese, palpitações, dispneia e aperto no peito. O ECG realizado na ocasião foi normal, mas o Holter evidenciou fibrilação atrial (FA) paroxística. Foi prescrita Ivabradina e Metoprolol para estabilização da FA, além da suspensão temporária do Tamoxifeno. No retorno, a paciente apresentou sintomas refratários, sendo internada para ablação da FA. Após o procedimento, houve melhora dos sintomas. Em 2023, após as sessões de RTx, foi atendida no serviço de emergência com as mesmas queixas anteriores, além de apresentar frequência cardíaca de 142 bpm. O Holter mais recente, realizado em 2023, demonstrou 5 ectopias atriais, sendo avaliado como um quadro de taquicardia iniciado por ectopias. No momento, a paciente estava em uso de Propafenona, Ivabradina, Bisoprolol e Tamoxifeno, e foram levantadas as hipóteses diagnósticas de flutter atrial ou taquicardia atrial residual. Ela foi encaminhada para internação e realização de angiotomografia de coronárias e ressonância magnética do coração, ambas normais, além de um novo estudo eletrofisiológico, que evidenciou disfunção sinusal e flutter atrial. Isso resultou na adição temporária de Apixabana e Amiodarona à sua rotina medicamentosa e, posteriormente, em nova ablação. Foi decidido implantar um marcapasso definitivo bicameral, mas houve infecção associada, levando à extração do dispositivo e substituição por um marcapasso Leadless Micra, devido ao seu histórico oncológico. Em 2024, retornou ao consultório de arritmias cardíacas ainda relatando as mesmas queixas. Foram solicitados novos exames, incluindo ecocardiograma transtorácico com Doppler e teste ergométrico, ambos normais, e um Holter, que evidenciou ectopias ventriculares e supraventriculares raras. Hoje, faz uso de Amiodarona, Metoprolol, AAS, Ivabradina e Tamoxifeno, mas ainda relata palpitações.
Discussão/Conclusão
O acompanhamento cardiológico em pacientes oncológicos é crucial desde as primeiras etapas do tratamento, dada a correlação entre radioterapia, quimioterapia e o surgimento de arritmias, que aumentam o risco relativo de eventos cardiovasculares fatais.
Palavras Chave
Cardio-Oncologia; Quimioterapia Combinada; Radioterapia
Área
Arritmias e Estimulação Cardíaca
Autores
Liz Camila Labrada Quevedo, Larissa Souza Bezerra, Letícia Maria Silva Evangelista, Isaac Vinicius Dantas Ribeiro, Antônio Diego Campos Falcão