32º Congresso Pernambucano de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

OS TURNOS DE TRABALHO INFLUENCIAM O CONTROLE AUTONÔMICO CARDÍACO E A APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA DE PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM?

Introdução

O trabalho por turnos, principalmente o noturno, tem sido fundamental para atender as necessidades de diversos serviços disponíveis por 24 horas para suprir a demanda de toda a sociedade. Dentre os profissionais que exercem o trabalho em regime noturno (RTN), destacam-se os profissionais da enfermagem. Vários estudos destacam que atividades realizadas no período noturno alteram o ciclo circadiano, reduzem a capacidade de recuperação do organismo e, dessa forma, podem predispor o indivíduo ao desenvolvimento de doenças e eventos cardiovasculares. O estudo da Variabilidade da Frequência Cardíaca (VFC), que descreve as oscilações no intervalo entre os batimentos cardíacos consecutivos, representa um marcador quantitativo do balanço autonômico e pode prever risco de morbimortalidade futura. O Objetivo do estudo foi avaliar a influência das rotinas de trabalho de profissionais de enfermagem sobre o controle autonômico cardíaco e aptidão cardiorrespiratória.

Métodos

Trata-se de um estudo observacional transversal, com enfermeiros e técnicos de enfermagem de um hospital materno infantil público separados em dois grupos: G1, n=21 plantão noturno; e G2, n=19 plantão diurno, recorte do estudo WORCAP (Worker’s Functional Capacity Assessment Project). Todos os voluntários foram submetidos a uma entrevista com anamnese completa e avaliação física. Para a avaliação do controle autonômico foram utilizados os índices não lineares da VFC com aquisição de curta duração em posição supina durante 10 minutos. Foram calculados os índices referentes a análise simbólica (0V, 1V, 2LV, 2UV), Índice de complexidade (IC) e entropia de Shannon (ES). A capacidade funcional máxima foi avaliada pelo Teste Cardiopulmonar do Exercício em cicloergômetro que forneceu o consumo máximo de oxigênio (VO2 máx.). Os dados foram analisados no SPSS versão 22.0. O teste Shapiro-Wilk foi utilizado para analisar a normalidade dos dados e Mann Whitney para comparação entre os grupos. Foi adotado o nível de significância de 5%. Dados expressos em média ± desvio padrão ou mediana e intervalos interquartis.

Resultados

Foram avaliados 40 trabalhadores, 38 mulheres, com idade média de 43,4 (±7,8), 77,5% com sobrepeso ou obesidade. Não houve diferença nos índices de VFC relacionado ao turno de trabalho. Além disso, 60% apresentaram fraca aptidão cardiorrespiratória (ACR) e 37,5% muito fraca.

Discussão/Conclusão

A ausência de diferença nos índices de VFC entre esses trabalhadores, sugere que o impacto do turno de trabalho pode ser minimizado por fatores como baixo nível de ACR. Isso pode indicar que, independentemente do turno, a saúde cardiorrespiratória fragilizada pode influenciar mais a VFC do que a variação dos horários de trabalho. Além disso, a falta de diferença pode refletir uma homogeneidade nos fatores de estresse e carga física enfrentados por ambos os grupos. Para essa amostra não houve influência nos índices de VFC e na ACR relacionados ao turno de trabalho.

Palavras Chave

saúde ocupacional; Doenças Cardiovasculares; variabilidade da frequência cardíaca; ergoespirometria

Área

Ergometria / Ergoespirometria / Reabilitação Cardíaca / Cardiologia Desportiva

Autores

Gerlene Grudka Lira, Ádrya Aryelle Ferreira, Antônio Marconi Leandro da Silva, José Airton de Lima Sampaio Filho, Joice Emanuelly da Silva Melo, Geise Nunes Lima, Pedro Igor Lustoza Roriz, Francisco Locks Neto, Victor Ribeiro Neves