Dados do Trabalho
Título
PERICARDITE NO BRASIL NA ÚLTIMA DÉCADA (2013-2023): ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA E POSSÍVEL CORRELAÇÃO COM USO DE RECURSOS PÚBLICOS
Introdução
Pericardite é uma inflamação do pericárdio, membrana serosa que envolve externamente o coração, e que pode ser causada por infecção viral, bacteriana, resposta imunológica ou doenças metabólicas e neoplásicas. Essa doença geralmente é benigna e autolimitada, manifestando-se de forma aguda ou crônica. Contudo, possui relevância significativa na saúde pública devido ao seu potencial de evolução para complicações graves, que resultam em um aumento das internações hospitalares e da mortalidade, além de gerar impacto considerável para o sistema econômico e de saúde. Portanto, torna-se fundamental avaliar a frequência de internação, óbitos, taxa de mortalidade e valor médio de internação anual em pacientes hospitalizados para tratamento de pericardite no Brasil na última década, possibilitando a idealização de políticas públicas que permitam manejo dessa patologia de forma eficaz.
Métodos
Trata-se de um estudo de coorte transversal retrospectivo utilizando informações do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), contidas no banco de dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foram coletados dados referentes ao número total de internações para o tratamento de pericardite no Brasil, bem como ao número total de óbitos, taxa de mortalidade, tempo de internamento e o custo médio advindo dessa condição em âmbito hospitalar, entre os anos de 2013 a 2023. Foi realizada análise de correlação entre as variáveis por meio do coeficiente de correlação de Pearson, cuja significância foi verificada por meio do teste t de Student. Tal análise foi realizada pelo sistema de software livre PSPP. O nível de significância estabelecido foi de 5%.
Resultados
De 2013 a 2023, ocorreram um total de 12.210 internações para tratamento de pericardite no país, e 509 óbitos decorrentes dessa patologia em âmbito hospitalar no Brasil. A taxa média de mortalidade foi de 4,2% (509/12.210). Neste mesmo corte temporal, a taxa média de permanência hospitalar foi de 8,1 dias. Nesse período, houve tendência de crescimento no número de internações por ano (r = 0,857; p = 0,001), no número de óbitos (r = 0,967; p < 0,001), e na taxa de mortalidade média (r = 0,693; p = 0,018) e no valor médio de internação anual (r = 0,905; p < 0,001).
Discussão/Conclusão
A análise epidemiológica da pericardite na última década no Brasil evidenciou um aumento significativo nas internações, óbitos e custos hospitalares associados à doença. Apesar do aumento dos recursos destinados ao controle da patologia, a morbimortalidade continua crescendo, sugerindo que os recursos podem não estar sendo alocados de forma eficaz. Embora geralmente considerada uma condição benigna, a pericardite pode causar sérias complicações, tornando necessária mais pesquisas que evidenciem como os recursos estão sendo utilizados, permitindo a formulação de políticas públicas de prevenção, controle e tratamento adequado em âmbito nacional.
Palavras Chave
CARDIOLOGIA; Pericardite; perfil epidemiológico; Saúde pública
Área
Cardiologia clínica
Autores
Larissa Soares Vieira, Juliana Magdolna Dias Emerenciano Melo, Yago Santiago Nascimento, Maria Helenna Valadares da Rocha, Tiago Andrade Medeiros de Moura, Suzanna Vieira de Melo Lessa, Ivaldo Pedrosa Calado Filho